O mundo anda pedindo um pouco mais de calma e as relações humanas precisam de mais alma, como canta Lenine na música Paciência. Acompanhar as notícias ultimamente não tem sido nada fácil. Em pleno século XXI, o mundo continua mergulhado em conflitos, como se o avanço tecnológico, as descobertas da ciência e o conhecimento acumulado ao longo da história não tivessem servido para nada.

Eu chamo a atenção para o que acontece longe, entre ucranianos e russos na Europa, e entre judeus e palestinos, em Israel, mas também lanço minha reflexão para as "guerrilhas" urbanas que acontecem aqui mesmo, no país. O nosso Estado conseguiu, ao longo dos últimos anos, diminuir sensivelmente os índices de violência, mas na Bahia e no Rio de Janeiro, só para citar os acontecimentos mais recentes, a população vem sofrendo com a ação das facções criminosas.

O mundo anda adoecido, numa demonstração clara que a humanidade aprendeu muito pouco a lidar com questões básicas como respeito ao próximo e empatia. Sei que muitas expressões podem parecer desgastadas, porque muitos falam mas não aplicam na própria vida, sequer sabem seus significados. Aqui falo em empatia no sentido mais direto: a capacidade de compreender e se identificar com as perspectivas dos outros.

Já pararam para pensar sobre isso? Entender a necessidade do outro é essencial na construção de relacionamentos saudáveis. Em tempos de polarização e extremismos, precisamos treinar nossa capacidade de aplicar a empatia no cotidiano, seja na família, no trabalho, com o vizinho, no trânsito. Pode parecer utópico, mas a gente precisa acreditar numa mudança possível e eu sei que para isso precisamos ter argumentos sólidos, posicionamentos próprios. 

Nós precisamos ouvir mais, acolher, praticar a paciência. Eu bem sei que não é fácil, mas faz parte do processo de amadurecimento. Tudo isso, claro, sem esquecer do autocuidado, de olhar para si com a mesma capacidade empática e construtiva. Seja gentil com você mesmo e não fique se culpando o tempo todo por cometer erros. Esse movimento faz parte da vida. O que a gente precisa é aprender com eles, para evitar repetições que geram desgaste e frustração. 

Falar de empatia é algo complexo em tempos de guerras e intolerâncias. A humanidade, em seu processo histórico, sempre enfrentou a violência com violência. A guerra é algo tão associado ao avanço das civilizações quanto a filosofia, a ciência e a tecnologia. 

Mas ser mais empático só depende de nós mesmos. É uma habilidade que pode ser cultivada: quanto mais exercitar mais fácil vai ser incorporar nas nossas relações com os outros. Tudo isso que estou abordando nesse texto envolve conexões humanas que, por sua vez, dependem sempre da validação das nossas próprias emoções. A gente precisa se conhecer bem para aceitar o outro.

Eu não sei se vocês sabem, mas o território de Israel é menor que o nosso Estado de Alagoas. Pensem em uma guerra travada entre regiões ou municípios aqui, pertinho de nós? Quase impossível imaginar tal cena. Mas é o que acontece no Oriente Médio, nesse exato momento. Vizinhos que são inimigos há tanto tempo que deixaram de se enxergar como humanos. Incapazes de praticar empatia ou qualquer outro traço de acolhimento.

Volto aos versos de Lenine, "o mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência". E você não precisa ser herói ou heroína o tempo todo. Só precisa entender que o futuro depende das sementinhas que a gente planta todos os dias na cabeça da gente. Quanto mais empatia, maior será o acolhimento e, consequentemente, paz de espírito. Afinal, "a vida é tão rara".