Em março de 2022, o mandato da então deputada estadual, Jó Pereira (2015-2023) realizou uma Audiência Pública , a pedido de advogadas alagoanas e representantes de movimentos ligados aos direitos das mulheres, sob o tema: Representatividade das mulheres nos espaços de poder-paridade de verdade,
Tudo muito legal e pertinente, mas, esta ativista ficou inquieta pelo caráter de apagamento da pauta racial, dando ênfase mais a questão de gênero.
E, otimizando a inquietação ligamos para a deputada na noite anterior, ( tu lembras, como eu estava aperreada, Jó?) para externar nosso desconforto.
Bem receptiva a parlamentar acolheu as críticas, e no plenário reafirmou, robusteceu em discurso a necessidade do investimento público em políticas decisórias versando sobre gênero x raça.
E a audiência se fez, mas, esta ativista também, traz na memória uma lembrança importante, quando uma representante do Instituto da Advocacia Negra (local?) apresentou no telão da Casa Tavares Bastos, uma profissional de outro estado referendando como a única advogada negra, pioneira, no Nordeste,
E nesse momento fizemos menção ao apagamento histórico, em seu território de origem, de Almerinda Farias Gama, negra, intelectual, sindicalista e advogada, nascida em Maceió, em maio de 1899. Pioneira na atuação na política nacional, sendo parte importante do movimento sufragista brasileiro de 1932.
Invisibilizada pela hegemonia branca da historiografia e do movimento feminista, foi a fundadora do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal. Como representante desse Sindicato, a única mulher a participar como delegada classista na Assembleia Nacional Constituinte, em 1933. Enquanto representante classista, foi a única mulher a votar e a ser votada. Em 1934 foi candidata a deputada federal com pautas voltadas para educação, estado laico, divórcio, direito das classes trabalhadoras, entre outras, mesmo não se elegendo, Almerinda, apontou a possibilidade de mulheres negras disputarem esses espaços de poder.
E, vejam que legal, agora a Campanha Maceió é Massa Sem Racismo tira do apagamento histórico, a maceioense, Almerinda Farias Gama e coloca seu nome, no Parque da Mulher.
Bem bacana, não é mesmo!