Com o aumento da temperatura, comum nessa época do ano, é necessário que as pessoas tenham maior atenção em relação à ingestão de líquidos, não só por conta do risco de desidratação, mas também para não cometer excessos. Isso porque o consumo exagerado de água pode causar problemas à saúde, como a hiponatremia - conhecida como intoxicação por água. Atletas, esportistas e pessoas que praticam atividades esportivas devem ficar atentos.
A hiponatremia é um fenômeno pouco visto, mas sua frequência tem aumentado. Em julho deste ano, a americana Ashley Summers, de 35 anos, morreu por intoxicação após beber quase 2 litros de água em apenas 20 minutos. Durante uma viagem, ela sentiu tontura e dor de cabeça, sintomas de desidratação e tomou o equivalente a quatro garrafas de 500 ml de água. Ao retornar para casa, desmaiou em sua garagem. Os médicos disseram que ela sofreu grave inchaço cerebral e foi diagnosticada com intoxicação por água, também chamada de hiponatremia, que se desenvolve quando há muita água no corpo e pouco sódio.
Em entrevista ao CadaMinuto, a nefrologista Ayrla Paulina explicou o que é a hiponatremia, como ela ocorre e quais os sintomas. A médica destacou também o que difere a desidratação da intoxicação por água.
Confira a entrevista:
O que hiponatremia e o que pode desencadeá-la?
O sódio é um dos eletrólitos presente na corrente sanguínea, seus níveis no sangue são controlados através de mecanismos reguladores da água presentes nos rins. Quando esses mecanismos reguladores, por algum motivo funcionam de forma inadequada, há desregulação dos níveis de água no corpo, resultando na maior diluição do sódio, reduzindo o nível sanguíneo. Quando o sódio está baixo no sangue, chamamos de hiponatremia.
Quais os sintomas da hiponatremia? Quais as medidas a serem tomadas, caso a pessoa apresente esses sintomas?
Sintomas causados por hiponatremia ocorrem principalmente com redução aguda e acentuada na concentração sanguínea de sódio, geralmente uma queda da concentração de sódio em menos de 24h, causa uma disfunção neurológica induzida por um inchaço no cérebro, causando no paciente náuseas, mal-estar, dor de cabeça, letargia e até mesmo convulsões. Os sintomas citados acima são inespecíficos e no primeiro momento não será possível ter a certeza de que os sintomas são decorrentes da hiponatremia. Portanto ao surgirem os sintomas, o paciente deverá procurar uma emergência para que exames laboratoriais sejam realizados.

Qual a diferença entre hiponatremia e desidratação? Tem como diferenciar os sintomas?
Hiponatremia trata-se de níveis baixos de sódio na corrente sanguínea cujo um dos principais motivos é o excesso de líquido, diluindo o sódio, reduzindo os níveis sanguíneos desse eletrólito. Desidratação é a depleção de volume que pode ocorrer no organismo quando líquidos contendo sódio são perdidos na urina, trato gastrointestinal e pele. Os sintomas relacionados a hiponatremia são relacionados ao sistema nervoso central, como citados anteriormente (letargia, mal-estar, cefaleia). Os primeiros sintomas que surgem na desidratação são boca seca, sede, pele ressecada, tontura, pressão baixa.
Em julho deste ano, a morte da americana Ashley Summers, que morreu após apresentar um quadro de desidratação e tomar 2 litros de água em 20 minutos, viralizou, gerou muita especulação e curiosidade sobre o caso. O que de fato provocou a morte dela? Qual seria o
Qual o procedimento correto a ser tomado?
Na desidratação, o sintoma mais precoce é a sede e a primeira atitude que tomamos é ingerir água. Não há nada de anormal até esse ponto. Porém no caso citado, o fato da mulher ingerir uma quantidade grande em pouco tempo, ou seja, 2 litros em 20 minutos, resultou em queda brusca dos níveis sanguíneos do sódio. Quando isso acontece, o paciente apresenta um inchaço cerebral resultando em vômitos, dores fortes de cabeça, convulsões e há risco de morte. A desidratação deve ser evitada. Casos em que o paciente irá se expor a elevadas temperaturas, trabalhos que resultem em suor excessivo devem ser acompanhados de uma reposição hídrica de acordo com as perdas. Quando isso não acontece e o paciente faz a reposição de forma rápida em curto intervalo de tempo, pode ser perigoso à saúde.
O ser humano não é capaz de armazenar água de forma eficiente, o que justifica a necessidade de balancear a perda com a ingestão hídrica. Há um limite de água a ser consumido diariamente pelo corpo humano? Qual o risco de ultrapassar esse limite durante a prática de exercícios?
O objetivo de manter nosso organismo hidratado é preservar o equilíbrio hídrico e eletrolítico, mantendo, dessa forma, a homeostase do corpo. A quantidade de água ingerida deve ser suficiente para manter essa homeostase, não devendo ser insuficiente e nem demasiada. Essa quantidade varia de acordo com a demanda diária, dos exercícios e atividades desempenhadas pelo indivíduo ao longo do seu dia. Ao desempenhar exercícios físicos intensos, de resistência e força, o indivíduo perde muito suor, evoluindo para um grau de desidratação e consequentemente sente sede. Ao ingerir uma quantidade demasiada de água em um curto período, o paciente tende a desenvolver hiponatremia, devido a diluição do sódio na corrente sanguínea. Essa queda brusca e rápida nos níveis de sódio pode levar a sintomas neurológicos leves como letargia, dor de cabeça e náuseas, ou até mesmo mais graves como convulsão