O mês de setembro representa uma promessa de renovação. A mudança de estação traz novas oportunidades para a natureza voltar a brotar e essa imagem carrega consigo um valor simbólico importante. Na música Sol de Primavera, o compositor mineiro Beto Guedes propõe um pacto: "abre as janelas do meu peito, a lição sabemos de cor, só nos resta aprender".

Além da chegada da primavera, o mês é marcado pela campanha Setembro Amarelo, que teve sua primeira edição no ano de 2015, no Brasil. A cor foi escolhida como referência ao Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, 10 de setembro, que adota o amarelo como marca.

Mas o que tudo isso significa? Institucionalmente, é um movimento necessário para alertar sobre a importância da conscientização a respeito do tema, que atinge mulheres e homens, adolescentes, adultos e idosos, ricos e pobres, de qualquer etnia, de qualquer religião, em todos os países do mundo.

As campanhas abordam a importância de falar sobre o assunto, debater de forma ampla, para ajudar a sociedade a quebrar tabus. Precisamos encarar a saúde mental como fator inerente ao desenvolvimento humano, tão essencial quanto a saúde física e que precisa estar ao alcance de todos.

Para vocês terem uma ideia do que estamos falando, trago dados. Segundo a Organização Mundial de Saúde, uma em cada quatro pessoas desenvolverá algum tipo de transtorno ao longo da vida. E eu vou além: no primeiro ano da pandemia de Covid-19, a ansiedade e a depressão registraram aumento de 25%, em escala global, também de acordo com a OMS.

Então, diante disso, resolvi abordar o tema nesse artigo. Tão importante quanto levar e receber informações sobre um assunto tão denso, é trazer luz para aqueles pensamentos que muitas vezes insistem em ameaçar a nossa paz. Para isso, contar com suporte e acolhimento é o primeiro passo: família, amigos, escola, trabalho, FÉ, todos os segmentos precisam vibrar em sinergia para a superação de fases complicadas.

Mas eu queria trazer aqui uma reflexão que considero fundamental nos processos de cura da alma: a busca individual pelos nossos propósitos. Esse é um mergulho que, muitas vezes, evitamos. O autoconhecimento pode ser um caminho difícil, mas nos traz muitas revelações. As vezes resistência e evitação. É incômodo porque nos coloca diante de impasses que, para serem resolvidos, exigem certa dose de sofrimento. Mas que, na maioria das vezes, significa libertação.    

Você já se perguntou quais são as suas maiores paixões, para além de pessoas e coisas? Quais são os seus pontos fortes, independente da opinião dos outros? Já parou para pensar que os seus valores pessoais podem ressignificar a sua existência? Analisar o próprio contexto de vida nos revela um mapa para saídas possíveis. A gente só precisa entender se estamos dispostos a encarar as transformações como a natureza enfrenta as mudanças de estação.

Quero avisar a quem está lendo esse texto que isso não é nada fácil. Mas é plenamente possível. Cultivar sua fé, enxergar os sinais divinos como dádivas. Entender que é impossível uma vida sem conflitos, mas é igualmente impraticável viver sem amor próprio, autocuidado e autopreservação. Podemos construir redes de apoio que são essenciais ao longo da jornada. Mas respeitar a si é a única via possível para uma reconciliação consigo mesmo.

Retomando a letra da música do primeiro parágrafo: "já choramos muito, muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção". Nós só podemos oferecer acolhimento e cuidado, quando somos compreensivos com a gente mesmo.

Não julgue, não se julgue, ofereça sua mão e seu entendimento. Seja o seu próprio sol e ilumine a vida de quem te aquece de verdade. Esse é o grande passo e o maior segredo para amar a vida e continuar acreditando. Sempre!