Dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) apontam que as doenças reumáticas já afetam mais de 15 milhões de pessoas no Brasil e estão entre as principais causas de afastamento do trabalho e aposentadoria por invalidez.

A osteoartrite ou artrose é a doença reumática mais frequente no país, representando cerca de 30% a 40% das consultas em ambulatórios de reumatologia. Já a artrite reumatoide, doença de natureza inflamatória, crônica e progressiva, acomete cerca de 2 milhões de brasileiros. A doença é mais comum em mulheres, na faixa dos 30 aos 55 anos, mas atinge pessoas de todas as idades.

A presidente da Sociedade Alagoana de Reumatologia, Aparecida Medeiros, afirma que é engano achar que doença reumática é exclusividade da velhice. Nessa fase pode haver agravamento de patologias, mas elas também podem ser diagnosticadas em crianças.

Foto: Assessoria

Em entrevista ao CadaMinuto, a médica alerta sobre a importância da prevenção e tratamento precoce da doença, esclarece sobre a alta incidência do reumatismo na população em geral e convida a todos para as ações do Dia Nacional de Conscientização das Doenças Reumáticas,  na orla da Ponta Verde, neste domingo (17). 

Confira:

Qual o objetivo do Dia de Conscientização das Doenças Reumáticas? O que vocês pretendem com o trabalho realizado nessa data?

O objetivo é ampliar o acesso à informação, a fim de que as pessoas procurem intervenção médica e tratamento adequado o mais cedo possível. Nenhum sintoma deve ser negligenciado e sim investigado, independentemente da faixa etária. Nesse dia 17/9 estamos em mobilização em todo o País, inclusive distribuindo cartilha educativa e orientando a população a lidar com os sintomas e a buscar ajuda terapêutica.

É mito dizer que só os mais velhos precisam de reumatologista?

Com o aumento da divulgação de informações médicas, a população tem acesso rápido sobre os diversos tipos de doenças, e começa desde cedo a ficar atenta aos sinais que o corpo manifesta. Graças a isso, hoje temos outro perfil de pacientes: geralmente eles são mais jovens, são atentos, cautelosos e buscam mais rápido a intervenção médica. As mães levam suas crianças para o pediatra especialista em reumatologia, muitas vezes por indicação do primeiro atendimento com um generalista, e isso tem contribuído com a notificação de doenças reumáticas na infância. Então, na verdade, essas doenças podem afetar qualquer faixa etária.     

É verdade que as doenças reumáticas são responsáveis pela maioria das aposentadorias por invalidez? Como enfrentar o problema?

Sim, é verdade, e a dor nas costas ou lombalgia lidera o ranking das causas mais comuns de consultas médicas gerais, só perdendo para o resfriado comum.  Entre 65% e 80% da população mundial desenvolve dor na coluna em alguma etapa de suas vidas. Muitos casos evoluem para situações incapacitantes. A melhor de enfrentar é procurando logo cedo o tratamento.

Quais as doenças mais comuns dessa especialidade médica?

Artrite Reumatoide, Osteoartrite/Artrose, Espondiloartrites, Artrite Psoriásica, Lombalgia, Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), Fibromialgia, Osteoporose, Gota, Febre Reumática, Esclerose Sistêmica, Miosites, e Síndrome de Sjögren Vasculites. De acordo com a SBR, a osteoartrite ou artrose lidera a prevalência no país, representando cerca de 30% a 40% das consultas em ambulatórios de reumatologia. Já a artrite reumatoide, doença de natureza inflamatória, crônica e progressiva, acomete cerca de dois milhões no Brasil. Atinge principalmente  mulheres da faixa dos 30 aos 55 anos, mas afeta também as demais idades, inclusive crianças. Entre os sintomas estão dor persistente e inchaço nas articulações, que podem levar à deformidade nos pés e mãos, desgaste nas cartilagens e nos ossos e até à incapacidade física, se não diagnosticada precocemente e tratada de forma correta.

Alagoas tem reumatologistas em quantidade suficiente para a população? A rede pública disponibiliza esses profissionais à população ou o acesso ainda é um problema?

Não temos o quantitativo do número de reumatologistas na rede pública, mas de modo geral há escassez de especialidades médicas, tanto no Estado, como nos municípios. É lamentável porque dificulta o acesso ao tratamento, e a longo prazo impacta no afastamento das pessoas ao trabalho. Os gestores precisam investir nessa área, sem dúvida. O quantitativo de reumatologistas habilitados para o exercício da especialidade é suficiente para a demanda. O que falta é a contratação por parte dos gestores, principalmente através de concurso efetivo.