Alexsandro dos Santos, de 11 anos, nascido e criado no Quilombo Abobreiras , no município de Teotônio Vilela, em Alagoas fez sua primeira participação, em uma Bienal Internacional do Livro em Alagoas, no Omode, Roda de Conversa Sobre Crianças e Infâncias Invisíveis.

Iniciativa do OEPPIR-AL Observatório Estadual de Políticas para Promoção da Igualdade Racial e do Instituto Raízes de Áfricas.

Alexsandro foi uma das crianças convidadas, como sujeito de direito, para discutir a complexidade do racismo sob a ótica da infância.

Não era o mês de maio, nem novembro, mas, as crianças reviveram, algumas com olhos lacrimejantes, a sensação da não-liberdade, a partir da auto-negação ou relatos das abruptas e legitimadas segregações impostos pelos dogmas sociais, que aqui e ali vão naturalizando o racismo estrutural, e o tratando como brincadeira de crianças.

O menino tímido, com o discurso, ainda, titubeante, saiu do sítio para falar sobre racismo na capital, Maceió, em um evento de grande porte, contendo milhares de pessoas, mas, em uma sala, hermeticamente fechada, sem os necessários ecos, como uma caixinha com reverberações limitadíssimas.

A luta contra o racismo, ainda, não impacta, as institucionalidades, em Alagoas, porque nos múltiplos processos do que chamam de inclusão é tratado como somenos.

A resistência política ao tema na apocalíptica terra do novembresco Quilombo dos Palmares  é extenuante.

Os muros a serem ultrapassados são extremamente conservadores, ou complacentes,  e ainda tem o retroalimentado auto-ódio, entre pret@s,  mas, é assim que age o racismo, como um camaleão poliglota.

Mas, calma! 

Mesmo que os ecos ainda soem baixinhos, muito baixinhos, o menino, com toda sua timidez, investiu-se de coragem e dividiu com as gentes da cidade grande o discurso do quilombo, rompendo bolhas de silenciamentos históricos.

Nos 201 anos da Independência do Brasil recebemos, por e-mail, o certificado da 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, que titula o menino do sítio como palestrante.

A primeira Bienal do menino quilombola.

Vocês ouvem os passos?

O que isso tem a ver com os 201 da independência do Brasil?

Um salve ao menino do Quilombo!