A Omode Roda de Conversa Sobre Crianças e Infâncias Invisíveis, aconteceu na 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, iniciativa do Instituto Raízes de Áfricas e OEPPIR-AL.

A Omode  foi um encontro inédito de  múltiplas  infâncias, tendo como pauta especialíssima a importância de ouvir as crianças,  reconhecer e se conectar com  realidades, vivências e experiências relacionadas ao racismo estrutural.

A Omode criou espaços para o protagonismo das crianças, a partir de uma escuta sensível e afetuosa.

Foram depoimentos do universo infantil, mas, com uma carga abissal  de como o racismo força crianças pequenas a  crescerem rápido ,na reinterpretação do mundo e do  aprendizado  da sobrevivência diária. 

Feridas abertas que socam o estomago.

Para as crianças o racismo não é um sujeito oculto, mesmo que a maioria das escolas alagoanas ignorem, solenemente, a questão.

E as mães dessas crianças, também, ajudam a contar histórias que impactam, agressivamente, a construção positiva da  autoestima infantil.

Jeane conta que a professora da creche cortou o cabelo afro da filha, na época com um ano, alegando ser ruim de pentear. 

A violência étnica da professora internalizou medos e gatilhos na pequena, que durante 8 anos recusou a usar o cabelo natural, e só agora, aos 9 anos, com o aconselhamento e acolhimento das mulheres do terreiro surge, aos pouquinhos, a autoaceitação.

O racismo sofrido na infância pode causar impactos sérios no desenvolvimento infantil, como também prejuízos duradouros na aprendizagem, no comportamento e na saúde física e mental.

E a escola tem o papel de extrema importância de estabelecer estratégias inteligentes para o combate ao racismo, desde o ensino infantil.

A professora da creche cortou o cabelo crespo, da menina de um ano, dizendo ser duro, ruim de pentear- disse a mãe, na Omode.

O racismo na alma das crianças é dor feito concreto.