Conta uma lenda que Obaluaê era um orixá rejeitado por sua aparência, que se fazia repugnante aos olhos dos outros orixás, devido as chagas que ele exibia em seu corpo.
Ogum, ao saber que Xangô daria uma festa e como Obaluaê só veria a festa de longe, pela fresta da porta, se compadece dele e lhe cobre com palhas.
Ao entrar na festa, mesmo tendo as chagas cobertas pelas palhas, Obaluaê, fica afastado, envergonhado.
Iansã se aproxima dele, dança a sua volta causando uma enorme ventania que levanta as palhas. Neste momento, as feridas se transformam e pipocas e enchem o salão.
Por debaixo das palhas, se revela um jovem e belo orixá – Obaluaê!
Quando Obaluaê saiu do salão, naquele dia, ele já não era mais o mesmo – houve uma transmutação, e transmutar é o verbo do Trono Masculino da Evolução, regido por ele.
Ele saiu da condição de doente para sadio, ele passou de um estado para outro.
Obaluaê é o orixá das passagens, seja de um plano para outro, de uma dimensão para a outra, e mesmo do espírito para a carne e vice-versa.
Por que Ele pede Atotô (silêncio)?
Talvez, porque seja o silêncio o segredo para que possamos encontrar o caminho que transmutará nossas consciências para níveis superiores de entendimento e conexão com Olorum, nosso Divino Criador.
Obaluaê se resignou diante da sua condição, foi humilde e foi amparado pelo Trono da Lei, por Ogum e Iansã.
Agindo assim, ele também mostrou que precisamos uns dos outros. Ogum o protegeu com as palhas. Iansã revelou sua beleza e esplendor.
Assim somos nós. Toda alma é divina, toda alma é luz, toda alma reflete o amor e a grandeza do Criador.
Sua benção, meu amado Babá!
Seja bem-vindo, julho!
Atotô!
Fonte: https://www.aldeiadecaboclos.com.br/atoto-silencio/