Devido à sua localização costeira e ao seu relevo baixo e plano, a cidade de Maceió é propensa a alagamentos e deslizamentos, especialmente durante períodos de chuvas intensas. Assim, possui desafios significativos relacionados à drenagem urbana e às águas pluviais. Além disso, a urbanização acelerada e a falta de infraestrutura adequada de urbanização e drenagem têm agravado esses problemas.
A falta de planejamento e organização da gestão do espaço urbano de Maceió é em boa parte causado pela ausência de um plano diretor adequado e atualizado. Esta situação agrava o problema da ineficiência da drenagem, pois o plano diretor estabelece diretrizes e normas para o desenvolvimento imobiliário da cidade, incluindo a gestão de infraestrutura, como a drenagem urbana.
A cidade infelizmente tem apresentado um crescimento urbano sem que se tenha por parte da prefeitura os investimentos necessários em drenagem, urbanização e, pasmem, até mesmo em cemitérios. Temos vistos construções inadequadas em áreas vulneráveis à inundação, obstrução de canais naturais de drenagem e redução de áreas permeáveis para infiltração de água. Isso sobrecarrega o sistema de drenagem existente, levando a inundações e outros problemas.
A falta de vagas nos cemitérios de Maceió foi muito bem retratada recentemente pelo jornalista Carlos Madeiro do Portal UOL. Chegamos ao ponto de usar covas rasas nas vias internas dos atuais cemitérios para atender a demanda da população mais pobre da cidade que não possui mais de R$ 10 mil para enterrar seu parente. Enquanto isso, não temos nenhum projeto abrindo novas áreas no curto prazo.
Outro problema que Maceió tem vivenciado é a invasão do mar na faixa costeira. A cidade enfrenta o desafio da erosão costeira, que é o recuo gradual da linha de costa devido a processos naturais e ações humanas. Esse fenômeno vem sendo agravado por diversos fatores, como a elevação do nível do mar, a intensificação de eventos climáticos extremos e o desenvolvimento urbano desordenado da cidade.
A erosão costeira em Maceió tem impactos significativos, incluindo a perda de áreas de praia, danos à infraestrutura costeira, ameaça à segurança de residências e empreendimentos e prejuízos para o turismo, que é uma importante fonte de receita para a cidade. Para lidar com a invasão do mar e mitigar os impactos da erosão costeira, são necessárias ações integradas e sustentáveis. Não soluções simplistas sem o adequado estudo técnico de um oceanógrafo que verifique as repercussões em todo o ecossistema da cidade.
Entretanto, infelizmente, o que temos visto é uma falta de preocupação por parte da gestão municipal com os problemas cotidianos de Maceió que hoje ainda podem ser resolvidos com pouco investimento e alguma organização administrativa. No entanto, eles estão piorando rápido pela absoluta inanição não só dos dirigentes municipais, mas também da sociedade organizada que não tem demonstrado preocupação com a situação. Somente quando seus bens materiais ficarem em risco irão cobrar de forma mais ativa.
Como muito bem colocou o saudoso Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito do maus. É o silêncio dos bons.”
George Santoro