Essa ativista, preta, como uma senhora idosinha já tem os direitos garantidos para a ocupação de espaços da fila, dita, preferencial, que permite atendimento prioritário,e faz pleno uso dele.

Manhã de sexta-feira (sextou!) chego à casa lotérica e o desenho que encontro:  na fila “normal” há um número significativo de pessoas, mas, na fila preferencial ninguém. Dirigi-me a ela e quando o caixa está livre, me encaminho.

Estou eu resolvendo os quiprocós,no caixa,  quando uma mulher branca-parda, saída não-sei-de-onde, impõe sua fala de uma forma intimidatória : - a senhora furou a fila, passou na frente de todo mundo.

-Como assim? Estava na fila preferencial, e como tenho direito...- respondi

A outra criatura, retruca áspera:- Não existe duas filas, só uma.

Pedi ajuda a universitária-caixa da lotérica e, mesmo havendo a confirmação da existência das duas filas, a criatura continuou em um resmungo arrogante, e como essa ativista aprendeu a ler nas entrelinhas das relações raciais, sabe, do que se trata esse incomodo.

O simples fato da existência de pret@s causa comichão de ódio na alma dessa gente “branca-parda”, tipo pret@ não deve ocupar o mesmo espaço que eu.

A mulher “branca-parda” da fila da lotérica “inventou” um motivo, sem nenhum argumento palpável,  pra expressar seu racismo de raiz, e acredite isso não é um fato isolado.

Quem é pret@ sofre essas agressões diárias. É o racismo, “sutilmente” disfarçado do “não é bem  assim”.

- A senhora não tem nenhuma moral para chamar minha atenção- reafirmei para mulher “branca-parda”,

- E a senhora está falando alto para chamar atenção de todo mundo- respondeu, a mulher “branca-parda”, em um muxoxo vitimizador.

Precisamos fazer das nossas vozes  um estrondoso amplificador sonoro na denúncia contra o racismo insidisioso, camaleônico e poliglota, que quer nos matar, todos os dias, o todo tempo.

O tempo todo!

Assina essa idosinha, na fila preferencial do caixa.