O Coletivo de Mulheres Pretas Periféricas é formado por mulheres pretas, investidas de muitas histórias de exclusão, sofrimento e dor.
É também um espaço de trocas, o ato de se enxergar umas nas outras, afirmando afetos, celebrando existências, reafirmando histórias.
São vidas em territórios indiferençados do poder público.
A grande maioria forçosamente, assumiram o papel de mãe solo.
Maternidades sem muitos alinhavos de poesia, sem recursos, sem uma rede de cuidados e, circundadas pela pergunta acusatória
-Quem mandou fazer filho?
Maternidades solitárias.
São mulheres que tem a obrigação de se vestirem de “guerreiras”, o tempo todo.
E , haja saúde mental!
Nas muitas mesas do Coletivo de Mulheres Pretas Periféricas falta o pão e, é, trabalhando em” casa de família” que, essas mulheres, garantem a dura jornada da sobrevivência diárias.
Empregadas em serviços domésticos.
E, no sábado 13 de maio, na busca de reeducar o conhecimento, Mulheres do Coletivo participaram do Circuito Afro Maceió Tem Mãe Preta, iniciativa do Instituto Raízes de Áfricas, referendando a estátua de Mãe Preta.
A estátua localizada na Praça 13 de maio, no bairro do Poço foi inaugurada, em 1968, pelo prefeito, Divaldo Suruagy, em homenagem, e entre uma conversa e outra uma das mulheres contou:
-Eu tive o “privilégio” de amamentar a filha branca da minha patroa. Como ela trabalhava muito e não tinha tempo, pedia para eu amamentar, aí eu amamentava a minha filha e a filha dela que era bem branquinha. Hoje estou me sentindo, como mãe preta, parte da história do Brasil-afirmou orgulhosa
A figura da ama de leite ´remota ao tempo do escravismo:
“A prática de delegar a amamentação às mulheres mais pobres foi importada da aristocracia europeia, comum não só no Brasil, mas em quase todas as sociedades escravistas da América.
Uma das teorias raciais que circulavam na época afirmava que o leite da mulher negra era mais forte e abundante (essa tese caiu por terra ao longo do século XX). Por isso, nas fazendas, uma escravizada que tinha acabado de parir era transferida para a casa de seu senhor para amamentar o recém-nascido branco e tomar conta da criança em tempo integral. Seu próprio filho dificilmente tinha acesso ao leite materno e era cuidado por outras escravizadas que o alimentavam com uma papa de mandioca ou com leite animal não pasteurizado, o que contribuía para o grande número de óbitos.
A atuação do Instituto Raízes de Áfricas junto ao Coletivo de Mulheres Pretas Periféricas, coordenado por Vânia Gatto, traz a proposta de dialogar com a cartilha racista e colonizadora imposta a pret@s.
Desconstruções!
Letramento Racial!
É preciso reafirmar todos os dias, o racismo estrutural,como potencial instrumento de alienação social, naturalizando as desigualdades.
Mães pretas , amas-de-leite foram exploradas, de todas as formas.
Todas!
No racismo não tem romantismo!
https://www.brasilianaiconografica.art.br/artigos/20196/mae-preta-o-aleitamento-no-periodo-escravista