Na sexta-feira, véspera do 13 de maio, essa ativista das Alagoas de Palmares travou uma aprofundada conversa, via zap-zap com a professora e ativista, referência na luta pela igualdade, e educação, em Santa Catarina, Jeruse Romão, sobre os vazios calcinados pela indiferença que tem se feito na pauta antirracista.
Precisamos ir além dos posts festivos nas redes sociais, voltar a investigar e fazer investimentos reais nos entraves estruturais que causam impedimentos a cidadania da população negra nacional.
Precisamos pensar o Brasil preto, de dentro para fora.
Foi conversa de pontos em comum, somos referência de ativismo em nossos estados e decidimos robustecer as forças juntando Nordeste e Sul do país, em um diálogo de iguais na busca da equidade tão veiculada nas redes sociais.
Em julho, Jeruse Romão, autora do livro: Antonieta de Barros, professora, escritora,jornalista, primeira deputada catarinense e negra do Brasil, aporta em Alagoas para substantivar os diálogos com o Observatório Estadual de Políticas para Promoção da Igualdade Racial
Tá tudo muito estranho, mas, está tudo bem. Hoje é 13 de maio
E Jeruse escreve:
‘Costumo falar das consequências do racismo e da ausência de políticas para combatê-lo usando uma analogia.
Imaginem duas árvores.
Duas figueiras.
Uma cresce num bosque, com todas as suas potencialidades.
É árvore livre da interferência do homem.
A segunda cresce dentro de uma estufa, miniaturizada pela atrofia de suas raízes.
É o bonsai.
Assim imagino a política para brancos e negros no Brasil.
Enquanto, por durante toda a história, brancos e seus descendentes puderam crescer livres e plenos, os negros e os seus, tiveram sua história atrofiada por interferência do colonizador.
Para os brancos é possível identificar tantas políticas quantas são necessárias para a
garantia de sua dignidade humana.
Já para os negros, políticas reduzidas, miniaturizadas: políticas bonsai."
Romão, Jeruse. Conferência preparatória para Durban. Salvador (BA). Ministério das Relações Internacionais. Brasil. 1999.