Ela me olhou através de seus óculos, de aros bem finos, com um sorriso cheio de memórias, e jogou ,no ar, palavras feito afago n’alma :
- Que mulher linda, que você é, e esses cabelos ficaram muito bonitos!- exclamou de um fôlego só. E puxando essa ativista pelo braço, sussurra:- Vou contar um segredo, se eu fosse mais jovem queria ter nascido , igual você, com essa sua cor tão bonita.
A gentileza das palavras que acariciam a aridez de tempos tão segregadores, plantou sol em caminhos e a conversa se desenrolou ali, mesmo, na saída da porta do elevador de um prédio residencial.
Maria Nilza Silva, 83 anos e portadora de Alzheimer tem a mente cheia de incógnitas e apagamentos, a filha que a acompanhava disse:- Olha só quanta intimidade, ela gostou de você e até acha que te conhece. O Alzheimer, as vezes, dá uma normalizada.
Maria Nilza, que afirma ter 5 anos de idade, mesmo, vivendo em seu mundo de lembranças-esquecidas reafirmou, em um espaço atípico, o poder da gentileza, que agrega, faz muita gente se sentir feliz e mais bonita.
O encontro se deu ali, tendo o elevador como templo, e isso, também é sobre o 13 de maio.
Salve, Maria Nilza!