Supremacia branca?
O blog republica um trecho do artigo do *Geledes…
A Rapunzel é aquela menina branca, criada com toda a proteção da família e da sociedade, pois o seu fenótipo evoca inocência e cuidado. Ela é tratada como um bibelô e, de pessoas racializadas, solicita cuidado e proteção. A Rapunzel está presa na sua torre simbólica e, nas relações sociais, se comporta como se todos devessem libertá-la da sua “prisão”. Ela é aquela que exige tudo, que tudo espera e nada faz em troca: “Ninguém me ligou para saber como estou”, “Ninguém pergunta a minha opinião”, “Ninguém me leva para passear”.
É sempre o outro quem lhe deve algo e, quando encontra uma mulher negra, vista como a sua empregada, tende a sugar dela até a alma. São aquelas mulheres que não vivem sem uma doméstica, para quem desabafa os problemas e a tem como conselheira, amparo emocional, seja nas tarefas do dia a dia que como “paparicadeira”. A Rapunzel é o exemplo perfeito da mulher branca infantilizada.
Sobre isso, com a pesquisadora Vanessa Diniz, do departamento de psicologia da Universidade Federal Fluminense, escrevi um artigo intitulado “A infantilização de mulheres brancas: dispositivo de raça, gênero e classe na construção de subjetividades”, disponível na Revista Teoria e Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Rapunzel não sai da sua torre e jamais dá um passo para um encontro recíproco e maduro nas relações. Conviver com “rapunzeis” é extremamente cansativo. Elas nunca estão satisfeitas, sempre apontam o que alguém deixou de fazer para torná-las felizes. Ela é aquela amiga de infância, da mesma idade, que ao passar na sua casa, a mãe diz: “Cuida dela para mim”, só porque ela é branca, e você, negra.
Fonte: *https://www.geledes.org.br/sindrome-da-princesa-da-mulher-branca-rapunzel-cinderela-e-branca-de-neve