A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgou dados que mostram um aumento de 11% no número de gastroplastias realizadas no Brasil de 2019 a 2020. Assim, o total chegou a 65 mil procedimentos anuais, o que representa uma grande popularização desse tipo de tratamento.

Neste texto, você vai entender os motivos por trás do crescimento desses números, e também abordaremos informações importantes sobre a bariátrica, como as técnicas mais comuns e os critérios para a realização do procedimento. Acompanhe! 

 

Por que as cirurgias bariátricas estão sendo realizadas com mais frequência?

 

Um dos motivos que popularizaram o procedimento é o aumento do número de pessoas obesas. Um levantamento feito pelo ministério da saúde mostrou que o índice de obesidade no Brasil em 2019 era de 20,27% e subiu para 21,55% em 2020. Em 2021 houve um novo aumento para 22,35%.

Outro motivo para essa popularização é que a cirurgia está cada vez mais acessível, sendo coberta por planos de saúde e estando disponível gratuitamente no SUS. Além disso, as técnicas evoluíram muito nos últimos tempos, tornando essa abordagem tão segura quanto outros procedimentos de grande porte, o que faz com que ela seja considerada por médicos e pacientes com uma maior frequência.

 

Quais as vantagens da cirurgia bariátrica?

 

A cirurgia bariátrica traz inúmeras vantagens para o paciente. As principais são.

 

* Redução do risco de doenças associadas à obesidade: problemas como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardíacas e até derrame têm menor probabilidade de ocorrer em pacientes operados. Além disso, aqueles que já sofriam de alguma comorbidade vão sentir uma melhora dos sintomas;

* Melhora da saúde emocional e psicológica: pessoas que sofrem de obesidade podem sofrer com insegurança, depressão e dificuldades para se relacionar socialmente. Mas a cirurgia ajuda a devolver a autoestima do paciente e faz com que ele se sinta mais seguro e motivado;

* Melhor qualidade de vida: após o procedimento, o paciente se livra de alguns problemas típicos da obesidade, como fadiga, problemas para dormir e falta de mobilidade. Além disso, até sua função sexual se normaliza, o que cria um conjunto de fatores que melhoram a qualidade de vida;

* Maior longevidade: é comprovado que o paciente submetido à gastroplastia vive mais do que um paciente obeso que não foi submetido ao procedimento. Um estudo que acompanhou pacientes bariátricos demonstrou que houve uma redução de 89% na taxa de mortalidade em relação às pessoas que não foram operadas em um período de 5 anos;

* Redução de dores: pessoas obesas enfrentam diversos problemas, como a dor nas articulações devido ao excesso de peso. Mas após a cirurgia, a pressão no quadril, joelhos e tornozelos diminui consideravelmente.

 

Quem pode se submeter à bariátrica? 

 

A cirurgia bariátrica é uma opção de tratamento recomendada para pessoas que se enquadram em critérios específicos. Para ser considerado um candidato elegível ao procedimento, o paciente deve apresentar um índice de massa corporal (IMC) superior a 40 Kg/m², o que é classificado como obesidade mórbida, sem a necessidade de apresentar qualquer comorbidade associada. Alternativamente, o paciente pode ter um IMC entre 35 Kg/m² e 40 Kg/m², mas deve apresentar uma comorbidade relacionada ao problema, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apneia do sono, depressão, refluxo gastroesofágico e outros.

Outro critério importante é que o paciente deva ter pelo menos 18 anos, embora seja possível realizar o procedimento em adolescentes entre 16 e 18 anos, mediante uma avaliação específica. Além disso, é necessário que o IMC do paciente esteja estável por pelo menos 2 anos e que tenham sido tentadas outras formas de tratamento sem sucesso, como reeducação alimentar e prática de atividade física.

Pacientes com IMC entre 30 Kg/m² e 35 Kg/m², que apresentam comorbidades, podem ser submetidos a uma cirurgia metabólica. Esse tipo de procedimento é realizado de forma semelhante ao bypass gástrico, mas tem como objetivo o controle e a redução dos sintomas de doenças, como a diabetes tipo 2.

 

Quais são os tipos mais comuns de gastroplastia?

 

Existem diversas técnicas de gastroplastia disponíveis. O gastrocirurgião, ao avaliar o paciente, é quem vai fazer a indicação da cirurgia mais adequada a cada caso. Além disso, os métodos utilizados evoluíram muito e se tornaram cada vez mais seguros. Nesse processo, alguns se tornaram obsoletos e deixaram de ser utilizados. Atualmente se destacam duas abordagens que são consideradas as mais eficazes e com menores riscos.

 

Bypass

 

bypass gástrico ou gastroplastia Y de Roux é a modalidade de cirurgia bariátrica mais utilizada no País, correspondendo a 75% dos procedimentos. Nessa abordagem o estômago é reduzido a uma pequena bolsa com cerca de 15% de sua capacidade original. Em seguida essa bolsa é ligada ao intestino delgado. A porção restante do estômago não recebe mais alimentos e é ligada em outra parte do intestino.

Isso faz com que a ingestão de alimentos seja fisicamente limitada e também estimula a produção de hormônios responsáveis pela saciedade. Dessa forma, o paciente tem grandes chances de manter a perda de peso a longo prazo e pode chegar a eliminar 70% do peso corporal.

 

Sleeve

 

cirurgia sleeve, também conhecida como gastrectomia vertical, é uma técnica que tem se popularizado muito nos últimos tempos, pois oferece menos riscos que o bypass, embora a perda de peso seja menor. O número de cirurgiões do aparelho digestivo que adotam essa técnica tem aumentado a cada dia e muitos acreditam que em alguns anos esse será o método mais popular.

No Sleeve é retirado uma grande parte do estômago, limitando fisicamente a ingestão de alimentos, mas sem fazer alterações no intestino. O estômago passa a ter uma forma mais cilíndrica, semelhante a um tubo.

 

Como a bariátrica é realizada?

 

Além do tipo de cirurgia bariátrica, também é importante entender a forma como ela será realizada, pois isso interfere diretamente no grau de risco e no tempo de recuperação. Nesse sentido, há três possibilidades que estão listadas abaixo.

 

Cirurgia aberta

 

É a abordagem mais antiga, em que o cirurgião precisa fazer um grande corte no abdômen do paciente para ter acesso aos órgãos. O tempo de recuperação é maior e há mais riscos durante o procedimento e o pós-operatório.

 

Laparoscópica

 

É uma técnica moderna em que o cirurgião acessa os órgãos internos por meio de pequenas incisões. Um dos aparelhos utilizados leva uma pequena câmera que transmite imagens a um monitor e permite o acompanhamento do procedimento.

 

Robótica

 

Essa é a abordagem mais moderna, em que também são feitas pequenas incisões e uma câmera é introduzida no abdômen durante a bariátrica. A grande diferença é que o cirurgião bariátrico controla os instrumentos remotamente e os braços robóticos replicam tudo com perfeição, sendo capazes até mesmo de corrigir possíveis tremores do profissional. Por isso, essa é a técnica mais segura e eficaz.