As notícias acerca de uma possível ampliação da participação da Petrobras no conselho acionário da Braskem levaram o senador Renan Calheiros (MDB) a cobrar, em discurso na tribuna do Senado, que antes de qualquer negociação a empresa “pague a dívida que tem com os alagoanos”, solucionando “o passivo dos escombros“ deixados por ela.
Na sessão desta quarta-feira (29), Calheiros apelou para que o Senado não permita qualquer solução para o problema da Braskem sem que a mineradora - responsável pela tragédia ambiental que atingiu cerca de 200 mil pessoas na capital alagoana - pague suas dívidas com o Estado, com o Município de Maceió e com a população.
O senador anunciou que irá levar o caso também ao presidente Lula, ao vice-presidente Geraldo Alckmin e ao presidente da Petrobras, o ex-senador Jean Paul Prates.
“Concordamos com a venda, não importa para quem... A Petrobras pode elevar sua participação, não temos preocupação. A única preocupação que temos é que qualquer solução para a Braskem passe, em primeiro lugar, pelo pagamento da enorme dívida que a empresa tem com Alagoas”, reforçou.
Falando para os brasileiros que não estão familiarizados com a tragédia, Renan citou alguns números: “A Petrobras, acionista, também tem responsabilidade. Só para se ter uma ideia desse desastre brasileiro, a tragédia de Brumadinho atingiu 2,4 mil pessoas. O desastre geológico de Maceió impactou 200 mil pessoas. São 16 mil casas destruídas, ruas fantasmas... Os efeitos econômicos e sociais transcendem as áreas mais atingidas. Eles afetaram todo o estado de Alagoas”.
O senador também pontuou as perdas financeiras do Estado e do Município de Maceió com o afundamento do solo que destruiu vários bairros na capital. “A perda estimada com ICMS é de R$ 3 bilhões. A queda da atividade econômica no Estado, perto de 11%, provocou uma redução de 2% no índice de emprego. Estes são apenas alguns números já mensurados diante de muitos outros ainda difíceis de contabilizar”.
Após o discurso do alagoano, Rodrigo Pacheco disse estar perplexo com a gravidade da situação e colocou o Senado à disposição para ajudar na solução do problema: “Não é possível conceber que um problema tão grave não seja resolvido antes de qualquer negociação”.
Assista a íntegra da sessão: