Sônia Guimarães nasceu em São Paulo, capital do Estado, no ano de 1957, filha de pai tapeceiro e uma comerciante, dona de um buffet. Estudante de escola pública, era uma aluna bastante aplicada e uma das melhores da classe, com notas altas, especialmente em matemática.
Por orientação de um professor escolheu estudar Física, que cursou na Universidade Federal de São Carlos.
“Quando eu estava na minha graduação da Federal de São Carlos, descobri que existia uma bolsa cientista remunerada. Na hora, fui correndo atrás da moça da bolsa e falei: ‘eu quero uma bolsa dessas!’ e a resposta dela foi ‘não! Você nunca vai usar física para nada, por que vou desperdiçar uma bolsa de iniciação científica com você?”
Foi a primeira pessoa da família a entrar para a faculdade
Sonia foi a primeira mulher preta a obter PhD – Philosophy Doctor ou seja doutorado obtido na Inglaterra, em física no Brasil, a primeira mulher preta, a ser professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a primeira mulher a dar aulas no Departamento de Física do ITA. Ambos, em datas mais recentes do que muitos imaginam: 1988 e 1993, respectivamente.
A cientista é especializada em semicondutores, partículas que são a base dos smartphones e do que conhecemos por computação pessoal e faz questão de ser mentora de alunos e alunas pretas que de várias escolas pelo Brasil todo, além de fazer parte de coletivos e organizações para aumentar a presença de mulheres pretas na ciência.
“Já escutei alunos dizendo que professores do ensino fundamental falavam para eles que matemática e exatas não eram matérias para negros. Que negros nunca iam entender, que iam se ferrar em matemática. Mas a matemática e a física surgiram na África”
Em 1993, quando a cientista virou professora do ITA, não havia alunas mulheres. O Instituto só permitiu que mulheres fizessem vestibular para ingresso em 1996.
Por isso, Sônia está na linha de frente para absorver o quanto mais de mulheres – e pretas – para ciência e para a área de exatas conseguir. “O que eu falo em todas as palestras de incentivo para as meninas, porque eu quero que elas venham para exatas, é: ‘apesar de tudo que passei, olha onde eu cheguei. E vocês podem chegar também’.
A luta “é para sempre”, diz Sonia, mas, aos poucos, já está fazendo a diferença. “No ano passado, uma mulher preta entrou no ITA e ligou para mim. Falou que entrou porque eu tinha falado que ela podia chegar lá”, diz ela, orgulhosa. O pioneirismo é feito disso também: esperança!
Fonte: https://habitability.com.br/sonia-guimaraes-o-futuro-da-ciencia-e-ancestral-e-africano/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonia_Guimar%C3%A3es