A saída de George Santoro do governo de Alagoas foi antecipada por este blog no dia 10 de fevereiro, e gerou forte e tola reação do próprio secretário da Fazenda – pelas adolescentes redes sociais, por óbvio.

Deixando essa bobagem de lado, a insatisfação do competente secretário com Paulo Dantas e equipe vem se acentuando, desde o ano passado, mas principalmente a partir do início de 2023, no “novo” governo.

A solução “Ministério dos Transportes” já vinha sendo discutida há algum tempo, mas foi a cobrança de Marcelo Victor a Renan Filho – para uma saída digna de Santoro –, na semana passada, que definiu a mudança para Brasília.

Inicialmente, Santoro iria para a Secretaria de Saneamento do Ministério das Cidades, mas os Barbalhos fecharam a porta, em mais um capítulo do embate interno do MDB. Lembrando que Maurício Quintella até hoje espera sua nomeação para a Secretaria de Habitação da mesma pasta federal.

Sobre George Santoro, é preciso entendê-lo como mais do que um técnico, maior do que isso, apesar da inegável competência na máquina arrecadadora. Foi ele quem deu origem ao plano de expansão da rede hospitalar estadual, antes da pandemia, que se constatou fundamental quando os ventos da Covid-19 sopraram para os lados do Brasil.

Relembrando: foi o agora ex-secretário da Fazenda quem levou Renan Filho para conversar com o economista Ricardo de Paes Barros, um nome conceituadíssimo na discussão e elaboração de políticas sociais.

Especialista em desigualdade e pobreza, mercado de trabalho, educação, primeira infância e juventude, temas essenciais à vida brasileira, o professor do Insper apontou a construção de hospitais públicos como o caminho mais viável e curto para aumentar a longevidade do alagoano.

Quanto veio a pandemia, não por força do acaso, Alagoas estava mais bem preparado do que a maioria dos estados brasileiros (independentemente do que aconteceu por lá pela Sesau), salvando centenas de vida e dando tratamento digno aos pacientes.

Como bom político que é, poderia até ter empurrado e convencido o ex e futuro chefe a avançar nas políticas sociais, impedindo (quem sabe?) que Alagoas mantivesse o troféu de estado brasileiro campeão da fome - que atinge 36,7% da nossa população.

Diga-se de passagem, Santoro era o único secretário a quem Renan Filho ouvia mais do que falava, caso único no seu governo durante quase oito anos. Atuou também como um filtro das propostas, inclusive de outros secretários, que chegavam ao governador. Com Dantas, e isso foi ficando cada vez mais evidente, ele perdeu essa condição privilegiada e não via mais como recuperá-la, o que se somou às crescentes discordâncias de rumo do governo.

O atual mandatário do Palácio República dos Palmares tem os seus próprios preferidos e não fez nenhum esforço efetivo para que o “homem que sabe calcular” ficasse na sua equipe. Logo escolheu Renata dos Santos para substituí-lo, como publicamos no último sábado, e está cada vez mais empenhado em apagar a sombra de Renan Filho no seu governo.

Santoro sai do governo de Alagoas maior do que entrou lá em 2015. Menor, porém, do que veio a ser até o ano passado. Não rompe uma “amizade de infância” com Paulo Dantas, até por que ela nunca existiu, mas deixa a sua marca de competência na modernização da máquina da Sefaz e algumas dúvidas que só o tempo vai resolver.

Por exemplo: a solução dada para o fundo garantidor do AL Previdência, com a entrega das escolas estaduais, uma questão que ainda não ficou muito clara. Se foi ou não uma “saída de emergência” com consequências não projetadas, haveremos de saber lá na frente - e tomara que com menos dor.

Boa sorte à sua pupila Renata dos Santos, que conhece bem a máquina pública e mantém uma relação mais estreita com Paulo Dantas do que o seu antecessor.

Quanto a Santoro, vida que segue: meus respeitos e saudações tricolores!