Marcelle Bulhões tinha como profissão técnica, ser farmacêutica e como missão espiritual, o sacerdócio na religião de matriz africana. 

Era ialorixá, a figura máxima do terreiro zeladora do Orixá.

Em ambas era cuidadora de vidas.

Marcelle de Xangô tinha um título sacerdotal de distinção hierárquica na sociedade religiosa.

Era uma das principais lideranças das religiões de matriz africana em Alagoas

Sua morte, com ímpeto de selvageria, no 8 de março,  causou comoção ao povo do sagrado, para além das fronteiras do Estado de Alagoas,

A sergipana ialorixá, Ligia Borges,  do terreiro Ilê Axé Obé Farã, coordenadora do Fórum Sergipano das religiões de matriz africana, atual secretária adjunta nacional da Rede de Matriz Africana falou sobre o caso: “Grande perda. Uma grande amiga, mãe. Muito triste. Sinto muito. Obrigada pela oportunidade de conhecê-la. Vou esperar ansiosa o dia do nosso reencontro. Saudades amiga. Olorum oksi pure!!

Em Alagoas a  Coordenação Estadual da União Nacional da Ekedes (Undeke Alagoas) – entidade que trabalha para união e defesa das mulheres das religiões de matriz africana emitiu nota sobre o fato:
“Hoje, no decorrer da manhã, o povo do Axé ficou estarrecido com a morte da Yalorixa Marcela . Mais um feminicídio , sua vida foi tirada na véspera do Dia das Mulheres. Nada há que se comemorar no Dia da Mulher, comemorar o quê, a sobrevivência por mais um ano neste Brasil machista? A Coordenação Estadual Undeke Alagoas sente por tudo isso".

É incontestável que, em sua trajetória de vida, a função sacerdotal, de ialorixá, mãe de terreiro, a senhora das bençãos, de gente muito simples frequentadora do  Barracão Ilê Axé Oba Agodo, no Conjunto Vilagge II, parte alta da capital Maceió,  consagrada, amada e festejada por filhas e filhas de santo e tantas outras pessoas é de incomensurável importância em sua vida, e por que na hora da sua morte a grande imprensa alagoana ignora o  sagrado sacerdócio de Marcelle de Xangô?

Racismo religioso?!