A moça me conta dos tempos sombrios, que passou presa, em um mundo cheios de buracos sem fundos:

- Era/é uma exaustão enorme, sem nenhuma vontade de viver, as coisas do dia-a-dia, e, ainda acompanha a sensação de morte como alivio de todos os tormentos.

A depressão é um monstro poderoso, cheia de garras que te arrancam a vontade de executar as tarefas mais simples, ver gente, passear na praça, ver a luz do sol.

A luz do sol era quase, como uma agressão, uma invasora para a escuridão em que estava.

Passei 7 meses, basicamente fechada em quarto, desconectei toda rede social, me afastei das pessoas, até dos amigos mais próximos. Foi um cansaço extremo de tudo. E isso se acentuou no isolamento da pandemia. A gente não tem forças para lutar contra os desconhecidos  mecanismos do cérebro. Surgem os medos irracionais, as crises de pânico. É uma mistura de ansiedade , insegurança  e medos profundos.

É horrível!

Estou voltando aos poucos, graças ao suporte rede familiar. Minhas irmãs, minha família não desistiram de mim. E a elas tenho muito que agradecer. Não é fácil cuidar de uma pessoa em crise, principalmente quando tem que contar com a rede pública de saúde pública deficitária, como a do estado de Alagoas.

Todo meu  tratamento foi particular e me preocupa saber que outras pessoas não têm, ou terão a mesma assistência que tive.

Saúde mental, não é brincadeira. Só sabe quem vive/viveu o inferno da depressão.

Eu passei 7 meses, basicamente presa em um quarto escuro e agora estou voltando a vida- finaliza a moça.

Saúde mental não é brincadeira.

Como anda a sua?