Alguns senadores e deputados tratam o parlamento como delegacia de polícia. São os eleitos com a ideologia do prendo & arrebento. É gente que usou o cargo de juiz, promotor ou delegado, por exemplo, para fazer politicagem e ganhar um mandato. De Sérgio Moro a Fábio Costa, é a turma monotemática, aquela que há décadas ficou conhecida como a Bancada da Bala.

Quando estavam em seus postos de origem no serviço público, essas figuras forjaram a imagem de “durões” com todo o tipo de crime, especialmente a corrupção. Tudo fachada. Pura demagogia. Não perdiam uma chance de aparecer na imprensa fazendo críticas aos “políticos profissionais”. Na verdade, às custas do Erário, usaram seus postos para pavimentar o atalho que os levaria à... política profissional.

Como disse, a bancada “especialista em segurança” sempre existiu. O que mudou, em alguns casos, foi o corte do terno. A patota também ganhou o modelito do “delegado hipster”, um tipo que se espalhou de norte a sul, em delegacias estaduais e federais. Fábio Costa, que se elegeu vereador e agora já é deputado federal, é uma contribuição de Alagoas para o segmento.

Essa rapaziada, que sempre chafurdou nas ideias mais reacionárias da paróquia, jamais esteve tão à vontade quanto nos dias atuais. O arrastão da extrema direita que elegeu Bolsonaro elevou os xerifes desmiolados a patamares nunca antes verificados. E, vale sempre lembrar, estamos falando da “nova política”.

Ao ouvir essas trepeças vomitando baboseiras que misturam ignorância e autoritarismo, é difícil acreditar em algum avanço na vida pública brasileira. Esse amontoado de cabeças ocas pode ser mais ou menos resumido em duas frentes. A primeira é folclórica, traduzida num cipoal de ideias inservíveis. A segunda, mais perigosa, é a disposição permanente de se jogar em aventuras antidemocráticas. 

O DNA autoritário dos valentões está mais que provado na adesão incondicional de todos ao bolsonarismo. Esses pais de família e cidadãos de bem adoram um tanque e um coturno, são fãs de torturadores e abominam a imprensa livre. Como diria Leonel Brizola, é tudo filhote da ditadura. 

Não se deixe enganar, camarada. Terninhos bem cortados, óculos modernosos e barbichas milimetricamente aparadas não fazem de um jagunço alguém civilizado. Porque algumas coisas, definitivamente, não mudam nunca.