Concorrendo com 604 startups de negócios de impacto de todo o Brasil, a alagoana Nosso Mangue, que atua no Pontal da Barra, em Maceió, com o Turismo de Experiência, foi a grande vencedora da premiação Demoday BNDES Garagem [do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] que reconhece e acelera negócios que geram impacto social e ambiental. O evento aconteceu no Rio de Janeiro, na noite da quarta-feira (8).

O Nosso Mangue é datado desde de 2019, e nesse tempo já possui importantes resultados que mostram o impacto ambiental causado no bairro do Pontal da Barra. Até o momento já foram plantadas mais de 10 mil mudas de mangue em uma área que antes era desmatada e que equivale a quatro campos de futebol. Até o fim de 2022, a startup já havia recolhido mais de meia tonelada de resíduos sólidos do manguezal.

Graças ao Nosso Mangue, na área piloto recuperada, já é possível perceber indicadores positivos na regeneração da fauna e da flora, como por exemplo, a evolução das espécies de plantas e animais na cadeia reprodutiva.

Uma experiência vivida e validada por cerca de 150 pessoas — dentre pesquisadores, biólogos, turismólogos, visitantes e os moradores do bairro — que  analisaram o que estava dando certo ou errado, dando oportunidade de o projeto aprimorar sua atuação.

Mayris Nascimento é CEO e fundadora do negócio explica que a startup não atua apenas com o turismo, focando a sua força de trabalho também na resolução de problemas socioambientais do bairro, “o nosso Mangue consegue atuar dentro de três problemáticas mundiais, desde o combate ou minimização da fome, desmatamento dos manguezais e mitigação dos gases de efeito estufa a partir do sequestro que o mangue realiza dentro do processo fotossintético. O mangue tem essa capacidade de mitigar cerca de 5 a 10% a mais dos gases de efeito estufa  quando comparado aos outros biomas". Esse é, inclusive, um dos critérios inovadores dentro do negócio.

A fundadora explica a atuação da startup com o turismo regenerativo. “Atuamos na recuperação, preservação e conservação de áreas de manguezais para compensação da pegada de carbono. Porém um dos nossos principais pilares é o turismo de experiência com base no turismo regenerativo, ou seja, as pessoas vão vivenciar o manguezal conhecendo a sua importância seus benefícios, às comunidades ribeirinhas que ficam na região, colocar o pé na lama, literalmente, e plantar sua sementinha do bem”.

O negócio surgiu a partir da história de vida da família da jovem fundadora de apenas 26 anos. “Tirávamos praticamente toda nossa renda da pesca, então por muitas vezes íamos para a lagoa Mundaú para ter o alimento do dia a dia e poder comercializar esse pescado. O Nosso Mangue se deu a partir das minhas atividades diante de programas sociais ou ambientais dentro da minha comunidade e um deles foi justamente onde trabalhávamos o protagonismo juvenil e desenvolvimento de líderes comunitários”. Para que a startup viesse se tornar o que hoje é foi necessário o auxílio e apoio de muitos parceiros, amigos e clientes, como a exemplo do Sebrae-AL, Senai, Fapeal, Mobilize Gestão Empresarial, Maré Integrada, entre tantos outros que fizeram e fazem parte da construção.

Passos futuros

A promessa para o futuro dentro do Nosso Mangue é impactar cada dia mais. “O impacto pode e deve ser potencializado dentro da comunidade do Pontal da Barra, e criar raízes no solo. Só irei me contentar quando souber o nome de cada pescador e de cada marisqueira, saber das suas histórias e conscientizá-los sobre a valoração neste ecossistema tão importante para a gente. Minha promessa para o futuro próspero e breve, é justamente essa: crescer impactando e trazer cada vez mais a comunidade para vivenciar este ecossistema e sermos todos os protetores do mangue”.

Estimular cada vez mais o que já é uma realidade. Fazendo com que a economia conquistada por meio do negócio circule dentro da comunidade, realizando contratações de pessoas e insumos no bairro tradicional da Capital alagoana.

A premiação

O BNDES Garagem é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e que tem a missão fomentar o empreendedorismo no Brasil por meio do apoio a startups. Esta edição foi focada em impulsionar negócios de impacto que queiram contribuir para a resolução de desafios sociais ou ambientais. A metodologia de aceleração do programa conta, ainda, com a parceria de três organizações referências no ecossistema de empreendedorismo Artemisia, Wayra e Liga Ventures.

No evento os empreendedores apresentaram seus negócios para uma banca de especialistas e o Nosso Mangue – melhor avaliada em critérios como impacto socioambiental, qualidade do pitch e modelo de negócio – recebeu um prêmio de R$ 20 mil reais.