Na Eleição Estadual de 1990, em Alagoas, tínhamos à frente do Governo do Estado, Moacir Andrade (PRN) e do Município de Maceió, João Sampaio (PFL).
Fatos importantes nas Eleições de 1990 em Alagoas (Primeiro turno)
1) Em todas as pesquisas realizadas pelos institutos (Gallup, Data[1]folha, Ibope), durante a campanha do primeiro turno dava ao candidato Renan Calheiros uma vantagem acentuada sobre o candidato Geraldo Bulhões.
2) Todas as pesquisas de boca de urna apontaram Renan à frente de Bulhões. O Gallup deu uma diferença pró Renan de 4 pontos percentuais, o que, aplicado sobre um universo de 900 mil votos válidos, daria 36 mil votos de vantagem para Renan. O Datafolha, deu vantagem de 5 pontos a Renan, o equivalente a 45 mil votos, considerando-se um eleitorado de 900 mil votantes. O Ibope apurou na boca da urna Renan com 45% e Bulhões com apenas 37% de votos declarados, ou seja, votos já depositados nas urnas. Os 8 pontos percentuais detectados davam a Renan uma vantagem de 72 mil votos. Os números, como se viu, de todas as pesquisas de boca de urna garantiam a vitória de Renan, sendo que o resultado do Ibope considerava a possibilidade de definição do pleito já no primeiro turno.
3) A eleição foi marcada por fraude eleitoral. O Tribunal Regional Eleitoral anulou 117 urnas da Primeira Zonal Eleitoral de Maceió e anulou as eleições dos municípios de Girau do Ponciano, Belo Monte, Batalha, Jacaré dos Homens e Campo Alegre, onde foram constatadas denúncias de fraudes nas eleições.
4) Em virtude da anulação de 247 urnas entre capital e interior, cerca de 71 mil eleitores voltaram às urnas para votar nos candidatos majoritários e proporcionais em eleições suplementares.
5) O Deputado Federal Geraldo Bulhões (PSC) foi o primeiro colocado com uma votação de 338.598 votos (49,76%) e seu vice foi o Deputado Estadual Francisco Mello (PMDB). As denúncias de fraude eleitoral e o uso da máquina do Governo foram fatores determinantes para a vitória de Geraldo Bulhões.
6) O Deputado Federal Renan Calheiros (PRN) foi o segundo colocado com uma votação de 303.886 votos (44,65%) e seu vice foi Severino Leão (PRN). As denúncias de fraude, o rompimento com o Governador Moacir Andrade e a falta de apoio do Presidente Collor, foram fatores que pesaram para a derrota de Renan.
7) Antônio de Moura (PT) foi o terceiro colocado com uma votação de 23.089 votos (3,39%). Apesar da união das esquerdas na eleição, a votação da Frente Popular foi inexpressiva. A falta de estrutura de campanha, a polarização entre Renan e Bulhões e uma eleição maculada pela fraude eleitoral foram fatores significativos para essa baixíssima votação.
8) O ex-Prefeito de Maceió Guilherme Palmeira (PFL) foi eleito pela segunda vez Senador da República, com uma votação de 424.480 votos (65,97%). Sem um concorrente a altura, o uso da máquina do Governo e a ampla maioria dos Prefeitos, Deputados Federais e Estaduais na sua campanha, foram fatores que deram uma vitória tranquila a Guilherme.
9) Vitório Malta (PSC) foi o Deputado Federal mais votado, com uma votação de 47.669 votos. Sendo cunhado e primo da primeira dama do País Rosane Collor e com o uso da máquina do Governo Federal, foram fatores que determinaram sua grande votação.
10) Francisco da Chagas Porcino (PTR), foi o Deputado Estadual mais votado com uma votação de 13.842 votos. Representando os setores do empresariado alagoano, especialmente o setor do comércio, foi a base política que levou Francisco Porcino depois de outras tentativas a se eleger com destaque para a Casa de Tavares Bastos.
11) O Vereador Ronaldo Lessa (PSB) perde a eleição para Deputado Estadual com uma votação de 1.933 votos. Ficou na terceira suplência da sua coligação.
Fatos importantes na eleição de 1990 em Alagoas (Segundo Turno)
1) A anulação de 247 urnas entre capital e interior fez o TRE marcar eleições suplementares do primeiro turno. A eleição do segundo turno que seria no dia 25 de novembro de 1990, foi remarcada para o dia 20 de janeiro de 1991.
2) Diante da indiferença do Presidente Fernando Collor nas eleições do primeiro turno, fez o candidato Renan Calheiros romper politicamente com ele. Em um direito de resposta concedido pelo TRE, Renan fala o seguinte: “O Presidente da República permitiu, apesar de sua declarada neutralidade, a participação ostensiva de sua esposa em apoio ao outro candidato; calou diante da revelação de seu voto; silenciou diante da comprovação judicial da fraude por mim denunciada; agora, interfere diretamente no processo, alterando a composição do próprio TRE”.
3) O Senador Divaldo Suruagy se manteve equidistante no segundo turno das eleições para o Governo do Estado.
4) O Senador Teotônio Vilela Filho (PSDB) manteve a neutralidade no segundo turno das eleições, porém, alguns membros do seu partido, entre eles José Costa, Sérgio Moreira, Helenildo Ribeiro e outros, mantiveram o apoio que deram a Renan no primeiro turno.
5) No primeiro turno em Arapiraca Renan obteve 21.624 votos e Geraldo Bulhões 21.299 votos. Essa apertada vitória de Renan foi justificada pelo seu vice Severino Leão à desgastante gestão do Prefeito José Alexandre que apoiava Renan. As críticas fizeram José Alexandre romper com a candidatura de Renan e passar a apoiar Geraldo Bulhões. No segundo turno, em Arapiraca, Geraldo Bulhões obteve 24.334 votos e Renan Calheiros 14.805 votos.
6) Geraldo Bulhões (PSC) foi o primeiro colocado com uma votação de 424.480 votos (65,97%). O rompimento de Renan com o Presidente Collor assegurou a Geraldo Bulhões mais adesões à sua campanha. Dos 98 prefeitos de Alagoas na época, 96 apoiaram Geraldo Bulhões no segundo turno. As críticas contundentes de Renan sobre o Governador Moacir Andrade aumentaram mais ainda o empenho do Governador na campanha de Geraldo Bulhões. Esses episódios foram determinantes para a sua vitória.
7) Renan Calheiros (PRN) foi o segundo colocado com uma votação de 218.945 votos (34,03%). O rompimento com o Presidente Collor fez Renan perder suas bases em vários municípios, praticamente só contou com a adesão de políticos de São Miguel dos Campos, Murici, União dos Palmares e a zona urbana de Maceió. O rompimento também fez o mesmo perder os espaços nos veículos de comunicação da Organização Arnon de Mello. Além desses fatores, o empenho acentuado do Governador Moacir Andrade na campanha de Geraldo Bulhões e o isolamento político de Renan, foram determinantes para a sua derrota.