Edna Cavalcante é uma mulher preta de 73 anos e após um AVC ficou com dificuldade motora, limitações de mobilidade, a articulação das palavras, ainda se faz algo difícil, complexo, mas, mesmo com tantas barreiras físicas é uma assídua participante das reuniões do Coletivo de Mulheres Pretas Periféricas da Cidade Sorriso I.
Edna é uma das muitas mulheres pretas do I Coletivo, que coleciona histórias de dores e lutas resilientes em nome da sobrevivência, em todos os aspectos.
-"O Coletivo é um lugar bom ,a gente pode falar, apesar de muitas de nós ter vergonha de dizer o que pensa"- afirma.
Na reunião que aconteceu, na tarde da quinta-feira,12/01, conduzida por Arísia Barros, coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas, a preta narrou, entusiasmadíssima, que assistiu , no dia anterior toda posse das ministras Anielle Franco e de Sônia Guajajara que assumiram as pastas da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas, e como achou tudo aquilo, tão bonito.
-"Agora vai ser diferente, vão olhar para mulheres pretas, igual a nós, que mora nos bairros distantes e quase ninguém presta atenção."
Também citou a assinatura pelo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, do Projeto de Lei nº 4.566 de 2021, que tipifica injúria racial como crime de racismo.
“-Eu fiquei muito feliz quando todo mundo ficou sentado e Lula, em pé, assinou aquele documento, que vai trazer defesa e direitos para o povo preto, e vou dizer uma coisa:- Eu ainda tenho sonhos e quero dizer isso a ministra Anielle Franco.”- finaliza Edna.
Coletivo de Mulheres Pretas, Periféricas da Cidade
O Coletivo de Mulheres Pretas, Periféricas da Cidade Sorriso é composto por 20 mulheres pretas de uma periferia distante e com diversas iniquidades socias, na parte alta da capital,Maceio, Alagoas, no conjunto Benedito Bentes II. Surgiu , em 28 de setembro de 2022 no auge da campanha política para o governo de Alagoas, como proposta de articulação do Instituto Raízes de Áfricas e, da então, candidata a vice-governadora, deputada estadual, Jó Pereira, de ressignificar, valorizar o protagonismo e dar voz às invisibilizadas mulheres pretas, periféricas instrumentalizando a autonomia.
O enfrentamento ao racismo estrutural como princípio de governo foi discurso importante na voz da deputada estadual, Jó Pereira.
A posse do Coletivo de Mulheres Pretas, Periféricas da Cidade Sorriso, se deu em 15 de dezembro de 2022, e Eryvanya Gato, assumiu, provisoriamente, a presidência.
O Coletivo segue escrevendo histórias nas múltiplas vozes das mulheres, uma delas é da Edna Cabral que alimenta sonhos de mudanças.