As gestões dos governos estaduais, na recente História de Alagoas, sempre tiveram ampla base governista no parlamento estadual. Inclusive, não raro, o partido do chefe do Executivo estadual era o que abarcava a maioria dos deputados estaduais. Isso já ocorreu com o PMN, com o PSB, com o PDSDB e por aí vai... Enfim, uma hegemonia que não é novidade na Era Paulo Dantas.
É até natural da correlação de forças políticas. O rio corre para o mar... é da política! E nenhum dos nossos bravos marinheiros de águas profundas ou rasas querem ficar de fora da correnteza que ruma ao “X do tesouro”.
A diferença é que, em épocas passadas, o chefe do Executivo estadual era o líder de um processo político com características e identidade própria, que capitaneava os acordos políticos, até porque – como se diz na política – “ninguém é candidato de si mesmo a um governo estadual”.
Agora, surge Paulo Dantas, que terá que se provar como liderança, depois de ter tido uma candidatura forjada dentro do parlamento. Em outras palavras: ele foi fruto dos acordos e não o líder e costurador da trajetória.
A História Política de Alagoas reservou a Dantas a “aptidão árdua” de estar no lugar certo, na hora certa, diante dos acordos políticos que se desenhavam em um vácuo de lideranças políticas.
Com o Executivo do ex-governador e senador Renan Filho (MDB) sem um nome forte da “cozinha” calheirista para sucedê-lo; com uma oposição em frangalhos que apostou as fichas na candidatura incolor, inodora e insípida do senador Rodrigo Cunha (União Brasil); com o senador Fernando Collor de Mello (PTB) tentando uma “sobrevida”, com as “camaleonices” de sua trajetória, e com o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB), atento a este cenário, o ex-deputado estadual Paulo Dantas (MDB) foi forjado “governador-tampão” e teve sua candidatura muito bem estruturada.
Mérito dos envolvidos.
Mérito de Dantas também que soube ser o que precisava ser quando precisava.
Eis a diferença!
Os governadores anteriores – que negociaram com o parlamento e construíram pontes por meio de acordos, cargos e tudo aquilo que existe desde sempre na política – o fizeram como líderes da correlação de forças que garantiram a vitória eleitoral. Paulo Dantas agora faz tudo isso como um produto desses acordos prévios, que precisam ser acomodados em uma máquina pública, em que somente a prática vai mostrar sua capacidade de liderança.
Torço para que o Paulo Dantas do “segundo mandato” tenha um perfil que o distancie daquele Paulo Dantas que apenas ocupou uma lacuna, surfou nos feitos de seu antecessor e seguiu uma cartilha imposta e autoimposta para se vender como continuidade da gestão de Renan Filho.
A História agora vai cobrar de Dantas a sua marca, que é algo que vai além do fato dele ter decorado todos os chavões e slogans do progressismo ou das sinalizações marqueteiras de virtudes vendidas por meio de agendas identitárias.
No passado, a correlação de forças políticas com a Assembleia Legislativa servia para parcerias em função de projetos de governo que tinham o norte dentro do próprio Executivo e não numa mescla com o parlamento. Assim foi com Renan Filho, por exemplo, que conseguiu ser um governador – gostem ou não dele! – que deixou um legado político-administrativo porque tinha um planejamento, ainda que a este caibam muitas críticas.
Mas, o planejamento trouxe coisas positivas, como na Saúde e na Segurança Pública. Daí, a aprovação tida pelo emedebista, que contou com dois fatores: o primeiro dependia dele, saber e querer fazer. O segundo, não: a oposição totalmente desarticulada.
A força política de Renan Filho tornou o parlamento uma Casa favorável às decisões do governador.
Quando o presidente da Casa de Tavares Bastos, Marcelo Victor, diz agora que “Paulo será o maior governador que Alagoas já teve” comete um ato falho logo na sequência, quando complementa: “Eu avalizo o seu nome, o seu trabalho e tudo que está sendo construído”. Ora, não é surpresa para ninguém que Marcelo Victor foi um dos grandes avalistas. Eis aí algo mais profundo do que ser um aliado, se é que o leitor (a) me entende...
Marcelo Victor ainda segue: “Ele (Paulo Dantas) é um homem forjado na política, democrata, que pensa em fazer o melhor por quem mais precisa, além da sua capacidade de diálogo. Por isso, estou com bastante otimismo”.
Por fim, repito: não é novidade um Executivo – em Alagoas – iniciar a gestão com ampla base governista e numa completa “lua-de-mel” entre governador e deputados estaduais. Agora, há algo novo sim na felicidade extrema de muitos parlamentares, afinal, os governistas sabem que quando Marcelo Victor avaliza, Marcelo Victor de fato avaliza... E isso sempre deixou muitos deputados estaduais felizes, ainda mais se emedebistas.