C. é um menino esperto, extrovertido, um falante das palavras carregadas por uma infância partida, de sonhos.
C. tem mais 4 irmãos e os R$ 600, reais que a mãe recebe de auxílio, além dos “bicos”, que aparecem de quando em vez, não dão para alimentar tantas bocas.
E a fome se fez expressiva.
No Quilombo de Taquarana, como em muitos outros do território alagoano, a falta de água nas torneiras (não se pode plantar, na terra), a escassez de trabalho são dramas vivenciados, faz tempo.
Muitas famílias abandonam o Quilombo e vão embora para o Paraná, caçar emprego.
Alagoas é o estado do país em que os casos de insegurança alimentar grave são mais frequentes.
São mais de 500 mil pessoas em estado de extrema pobreza.
O dinheiro da mãe, acaba assim que entra e C. decidiu que tinha que tomar providências e começou a mendigar comida, pelas portas alheias.
De domingo a domingo.
E, na Rotas de Conversas Negras , uma ação do Instituto Raízes de Áfricas e Pretas Construindo Futuros, C. confessa, os olhos virando água, que seu maior sonho é ter uma árvore e ceia de Natal.
Eu nunca tive isso!- diz lamentoso arrancando lágrimas das mulheres que o ouvem, comovidas.
O Rotas de Conversas Negras, ocorrida no Quilombo de Taquarana ,conta com o apoio da deputada Jó Pereira, empresário Isaac Pessoa, Casa da Industria e SEBRAE.
C. tem 10 anos é quilombola alagoano, e todos os dias, chova ou faça sol, pede comida de porta em porta ,para levar alimento pra família.
É a F-O-M-E!