Seja com a intenção de querer aproveitar ao máximo o verão, exibir aquele corpo sarado, caber naquela roupa favorita, ou até mesmo por questões de saúde, quando se trata de tentar perder peso, é comum que muitas pessoas optem por uma dieta que acelere o processo de emagrecimento em médio ou curto prazo.
Uma estratégia muito usada é o jejum intermitente, que se baseia em alternar períodos sem se alimentar. Nesse método, apenas chás, água e café sem açúcar são permitidos, além é claro de intervalos para se alimentar. Mas para que corra tudo da forma correta, é preciso ter um acompanhamento de um profissional que te oriente durante o processo, passando o passo a passo de como seguir com esse jejum.
Sobre o assunto, a nutricionista do Grupo Hapvida Notredame Intermédica, Icléa Rocha, falou sobre essa estratégia para controlar ou perder peso de forma saudável usando esse método. Ela conta que, quando feito da forma correta, as vantagens são as mais amplas possíveis, já que os benefícios vão além do emagrecimento.
“Quando bem indicado e bem feito, o jejum intermitente pode trazer inúmeras vantagens, inclusive no que diz respeito ao controle dos níveis de glicose e melhora da resistência insulínica, níveis de triglicerídeos e gordura no fígado”, comentou a profissional.
A nutricionista contou ainda que o período de jejum pode variar de 12 a 24 horas, e que pode ser feito diariamente ou em apenas em alguns dias da semana. Os parâmetros definidos vão depender da avaliação do histórico de saúde do paciente. “Lembrando que líquidos, como água, chás e café sem açúcar podem ser consumidos a qualquer momento”, acrescentou.
E QUANTO AO INÍCIO E À QUEBRA DO JEJUM?
A profissional ressalta que o jejum intermitente é proibido para alguns públicos, como crianças; adolescentes; gestantes; mulheres amamentando; pessoas abaixo do peso e/ou com histórico de bulimia e/ou anorexia; pessoas com transtornos psicoemocionais, como ansiedade e depressão; disfunções gástricas, como gastrite e úlcera; anemia, diabetes, dentre outras condições, não devem aderir a essa prática alimentar. A nutricionista destacou ainda a importância de ficar bem atento às refeições feitas antes de começar o jejum, bem como a “quebra do jejum”.
“A refeição antes do jejum é muito importante, por isso, devemos programá-la para ser um prato rico em fibras e proteínas magras. Carboidratos e gorduras podem ser consumidos com moderação. Já a quebra do jejum geralmente é realizada com líquidos, como caldos nutritivos, saladas com proteínas como peito de frango, carne vermelha magra e ovo cozido”, explicou Icléa.
QUAIS OS BENEFÍCIOS E OS RISCOS?
“É muito importante ressaltar que, para que a prática deste método alimentar traga os resultados desejados, não apenas no que se refere a perda de peso, mas também seus benefícios gerais a saúde, é fundamental que haja o acompanhamento e orientação médica e do nutricionista”, disse a profissional.
“Dentre as desvantagens e possíveis riscos deste método, que acontecem especialmente quando utilizado sem a devida e necessária orientação, estão o surgimento de hipoglicemia; náuseas; tonturas; desmaios; deficiências nutricionais, que podem levar a queda de imunidade e perda de massa magra, bem como o desenvolvimento de problemas emocionais e psicológicos”, completou.
“A orientação é que o jejum intermitente seja praticado, preferencialmente, por adultos saudáveis e sempre com o devido acompanhamento e orientação profissional, vale mais uma vez ressaltar! Idosos “saudáveis” também podem praticá-lo”, concluiu Icléa.
Mas e quanto aos efeitos em quem opta por seguir esse tipo de die que te levou a fazer o jejum intermitente? Será que os adeptos desta prática estão satisfeitos com os resultados obtidos? Ao Cada Minuto, a empresária e blogueira Rayane Santos contou a sua experiência com o método usado e os motivos que a levaram a seguir essa dieta. “No meu caso, foi pra emagrecer, porém o jejum intermitente não tem só essa função do emagrecimento”, comentou Rayane, confirmando ainda que optou por esse método por questões de saúde.

Ela disse ainda que nunca sentiu dificuldades durante o período em que iniciou o jejum intermitente, e que sempre conseguiu cumprir com o cronograma e metas estabelecidas. “Já cheguei a fazer jejum de 24 horas e foi super tranquilo. Sempre consegui bater as metas dos horários, intercalava cada dia o jejum com horários diferentes”, disse ela.
Por fim, Rayane contou que ainda segue fazendo o jejum, mas agora com outro propósito: “Continuo fazendo, só que hoje não mais pra emagrecer, hoje faço geralmente de 10/12 horas”, concluiu.
Mas e para quem quer aderir ao jejum e adicionar uma rotina de treinos? Thales Almeida, profissional de Educação Física e personal trainer, contou ao Cada Minuto quais fatores devem ser considerados aos que querem fazer essa “combinação infalível”.
“Não que haja métodos específicos, mas quando a gente analisa a prática da atividade física, para pessoas que aderiram esse tipo de dieta é preciso levar em consideração alguns fatores, algumas variáveis. Como: Qual o tipo de exercício a ser utilizado, exemplo: aeróbico, de resistência. (natação, corrida), ou de força (musculação). Intensidade do exercício, tipo mais intensos, como pode ser uma corrida e/ou musculação, ou mais leves, com pode ser o pilates e/ou caminhada”, disse Thales, que também citou a duração dos exercícios durante o período jejum.

“A duração do exercício e o tempo de recuperação. A Janela de recuperação é importantíssima para as questões hormonais e tudo que acarreta. Toda a montagem do treino e do tipo de exercício e suas variáveis deverão ser prescritos de acordo com o que foi analisado através da anamnese com relação a esses fatores, isso é fundamental para identificar o nível de treino do indivíduo”, acrescentou.
Veja outras orientações do profissional sobre a prática de exercícios aliadas ao jejum intermitente:
Sabendo do longo período sem se alimentar nesse tipo de jejum, quais as restrições físicas que devemos adotar durante essa dieta?
“É preciso ter cautela durante esse processo. E tudo depende da adaptação do indivíduo. O nível de treino, se você está iniciando esse tipo de dieta é fundamental respeitar as etapas, e iniciar de forma mais moderada as atividades, os exercícios. Seja aeróbico, ou treinamento resistido. Afinal de contas, nesse processo, se restringe os níveis de energia no corpo, e se não está adaptado ainda, pode sentir dificuldades, e até passar mal. Uma dica é se hidratar bastante durante a prática da atividade”.

Quais as vantagens, desvantagens, resultados e riscos da atividade física interligada ao jejum intermitente? Quais as consequências de treinar em jejum?
“Quando se treina em jejum você tem uma maior sensibilidade a insulina, você passa a ter uma mudança na sua secreção hormonal. E isso por si só já é muito interessante – caso você não tenha nenhuma síndrome metabólica (diabetes por exemplo); Caso contrário, o ideal é fazer apenas após o aval médico”.
“A prática da atividade física em jejum traz o aumento do GH (hormônio que ajuda na construção muscular). Após 12h você já queimou seus estoques de glicogênio (fonte de energia), e aí seu organismo irá buscar a gordura como fonte principal de energia. Por outro lado, alguns estudos mais atuais também apontam que mesmo treinando sem estar em jejum, as mudanças com relação a esse processo não são tão significativas assim. Não há grande diferença. Porém, muitas pessoas se sentem bem mais a vontade treinando em jejum”.
“Porém, quando se treina em jejum, basicamente, os estoques de energia do corpo estão reduzidos, e isso pode limitar sua performance. Facilidade de cansar, psicologicamente também. No fim, ressalto mais uma vez que todo esse processo depende da adaptação do indivíduo, quando todo o processo é bem montado tudo ocorrerá na mais perfeita harmonia. Basta ter profissionais adequados, disciplina, foco e seguir”.
*estagiário com supervisão da editoria