“Todo mundo que vive em Alagoas sabia que essa Operação Edema ia acontecer e aconteceu com ordem expressa do Superior Tribunal de Justiça. Quando uma ministra do STJ afasta um governador em pleno período eleitoral, essa decisão deve ter um respaldo muito forte, de muito calibre”.
A análise acima foi feita na tarde desta terça-feira (11) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), durante entrevista ao portal Uol. Segundo Lira, devido ao sigilo da operação, “não sabemos se os crimes são continuados, mas não é um fato normal o afastamento de um governador em período eleitoral. É importante que se vá a fundo”.
Para o presidente da Câmara, o senador Renan Calheiros (MDB) tenta politizar a operação da Polícia Federal ocorrida hoje, em Alagoas, que resultou no afastamento do governador Paulo Dantas (MDB) do cargo e no cumprimento de 31 mandados de busca e apreensão.
Questionado se possuía informações privilegiadas acerca da operação, o presidente da Câmara reforçou que “todos que vivem em Alagoas sabiam que a operação ia acontecer” em algum momento e afirmou: “Não tenho nenhuma ligação com o superintendente da PF em Alagoas, nem com a atual superintendente”.
“Renan Calheiros mandou por muito tempo na PF, como ministro, mas eu nunca tive ingerência lá, nem em qualquer polícia”, prosseguiu Lira.
Ele também lamentou o fato de ter sido negado o envio de tropas federais para o estado e elencou uma série de ocorrências registradas no pleito eleitoral em Alagoas até chegar na operação deflagrada hoje.
“Tivemos o pai do governador-tampão alertando sobre o escândalo envolvendo o filho, teve o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas pego com uma mala de dinheiro às vésperas da eleição, teve o assessor desse presidente apontando revólver para um agente da PF e teve mudanças no policiamento em 33 cidades do interior, a grande maioria comandada por prefeitos que fazem oposição à reeleição do governador-tampão".
Abuso eleitoral X Safadezas
Em suas redes sociais, o senador Renan Calheiros voltou a dizer, nesta tarde, que Alagoas é vítima do uso político da PF e do abuso de autoridade e que pediu a troca da superintendente atual, “cabo eleitoral de Arthur Lira, que sonha com a gestapo”.
Em resposta, Lira afirmou que “toda vez que ele (Renan Calheiros) ou alguém de seu grupo é apanhado praticando o malfeito, me acusa para tentar encobrir suas safadezas. Foi o STJ que viu fortes indícios de corrupção e determinou o afastamento do governador de Alagoas. Ficou claro o porquê de Renan ter pedido o afastamento do superintendente da PF em AL. Queria abafar a operação Edema. Ele sabe que hoje não há interferência na PF, como na época em que ele mandava e desmandava”.