Eram em torno de 30 mulheres. Todas elas se dizendo pretas, carregando filhos. Mulheres valentes e violentadas pelo racismo insidioso e pela opressão do mando machista. Eram 30 mulheres pretas. Todas elas com o histórico da violência doméstica, em um ciclo de desamparo, institucional.

-Aqui todo mundo já passou por isso- conta uma das mulheres. Eu fiquei casada durante 19 anos apanhando do marido, por conta de criar meus filhos.

A mulher preta vive dois problemas sociais: desigualdade de raça e a de gênero

São mulheres com fibra n’alma, que aos poucos vão desvelando os caminhos de direitos.

Em Alagoas, 60% das vítimas de violência contra mulher são pretas.

São integrantes do Instituto Amigos da Periferia, localizado na parte alta da cidade de Maceió, no Conjunto Cidade Sorriso I, Benedito Bentes II, onde as políticas públicas fazem marcha  ré.

Essas mulheres foram convidadas por Vania Gato, liderança comunitária para agregar as energias na luta contra o racismo estrutural que tira o fôlego de tantas e muitas.

Ainda tem muito pra se fazer- afirma a ativista, Arísia Barros. As periferias são territórios despovoados do poder da consciência étnica. Do Ubuntu que une pretas na promoção do autoconhecimento e autonomia preta feminina.

Conhecimento é uma forma de subverter as hierarquias castradoras do poder:  androcentrismo e eurocentrismo, e é essa a proposta do Projeto Pretas Construindo Futuros, com a criação da Comunidades de Mulheres Pretas do Cidade Sorriso I, que aconteceu no meio de muita empolgação, na noite da quinta-feira, 29 de setembro, na sede do Conjunto Cidade Sorriso I, Benedito Bentes II, como  grande desafio de ressignificar vidas de mulheres pretas periféricas.

Eu assisti, no Guia Eleitoral, Jó Pereira falando em equidade de gênero e racial, e, é isso que estamos discutindo aqui- sintetizou Flávia, moradora do Conj. Cidade Sorriso I

Salve!