A turma que gira em torno da política não larga a calculadora. As mudanças na legislação eleitoral que entraram em vigor nas eleições deste ano — fim das coligações para deputado e criação das federações partidárias, não receberam a atenção que precisavam e as contas agora começam a ficar mais complicadas.
Por exemplo, a partir da eleição deste ano, um partido precisa obter pelo menos 80% do quociente eleitoral para disputar as cadeiras não preenchidas diretamente. Esse percentual passa ser a nova cláusula de barreira do sistema eleitoral brasileiro. E essa situação levantou a dúvida: o MDB fará o segundo deputado?
Primeiro é preciso lembrar que até fevereiro deste ano o mundo da política fazia contas de que o partido do então governador Renan Filho sequer conseguiria eleger um federal. A chapa não estava pronta. Apenas Isnaldo Bulhões aparecia na lista de nomes com chances.
O ex-secretário de Educação, Rafael Brito (que virou Tio Rafa), ainda seria o nome indicado para vice de Paulo Dantas. O ex-secretário Mauricio Quintella disputaria uma vaga na Assembleia, assim como o médico Marcos Ramalho, que também aguardava pela decisão do futuro do aliado Alexandre Ayres.
E o deputado Severino Pessoa - com sua força de oposição em Arapiraca - ainda não sabia que levaria uma rasteira dentro do Republicanos e perderia o comando do partido. Com o UB nacional rompendo o acordo com o deputado Marcelo Victor este se viu obrigado a migrar com seu grupo e a maioria dos deputados para o MDB. Este cenário criou um novo ambiente na disputa pela Assembleia e oxigenou a chapa de federais do partido.
No primeiro momento Mauricio e Ramalho mudaram os rumos, e aceitaram o desafio de uma vaga na Câmara. E a chapa recebeu importantes reforços como as vereadoras Silvania Barbosa e Lais Brandão, o ex-prefeito Geo Cruz e o vereador Fernando Hollanda. Com tudo isso a chapa somou musculatura para garantir de imediato a primeira vaga.
Além disso, o crescimento de Paulo Dantas nas pesquisas reforçou o time. Até julho, Rodrigo Cunha liderava com folga . Mostrando presença, comunicação e ação com o interior, o governadorcresceu, tomou a dianteira e também ajudou a subir a intenção de votos dos seus aliados. As chapas do MDB de estadual e federal passaram a ter mais visibilidade.
É quase certo que o partido emplaque Isnaldo Bulhões como o mais votado. E a segunda vaga está em jogo aberto entre Maurício, Tio Rafa e Pessoa, além da crescente de Ramalho, que recebeu o apoio de Heloísa Helena - que disputa a eleição pelo Rio de Janeiro.
Além disso, vale lembrar o assunto que abriu esta coluna: caso as demais chapas não alcancem os 80% a divisão das vagas será feita entre os partidos mais votados, fazendo com que o MDB, que subiu de um para dois, já sonhe com uma terceira vaga.
Aguardemos.