A eleição mais importante desde o fim da ditadura militar e da redemocratização. A campanha eleitoral mais suja de todos os tempos porque, afinal, nunca houve um presidente tão moralmente desqualificado como Bolsonaro. Um presidente que, para conquistar um novo mandato, está decidido a patrocinar confusão, tumulto e violência generalizada. No voto, ele não leva, como apontam todas as pesquisas divulgadas até hoje. 

De 2019 para cá, o país mergulhou num mar de mentiras, truculência e corrupção, tudo movido a ações e palavras criminosas de um sujeito que trata a Presidência da República como um bunker de milicianos. Bolsonaro não governa para melhorar a existência dos brasileiros, mas para garantir boa vida a sua quadrilha.

Nesta última semana de campanha, o capitão da tortura joga tudo na única estratégia que lhe convém: dispara um arsenal de falsidades com objetivo de desacreditar o sistema de votação eletrônico. A tática é tão previsível quanto indecente. Não há argumentos lógicos, apenas distorções, fraude intelectual e ameaças.

Nesta quarta-feira 28, o lance mais vistoso dessa engrenagem vagabunda foi a divulgação de um “estudo” sobre a segurança das urnas. A vigarice foi elaborada por um tal Instituto Voto Legal, até hoje completamente desconhecido. Como revelam dados oficiais obtidos pela imprensa, o IVL recebeu 225 mil reais do PL, o partido de Bolsonaro, para fabricar a pilantragem.   

Para forjar uma “auditoria” que desqualifica o sistema de votação – com apenas duas páginas! –, a entidade usou dados, estrutura e apoio do próprio governo. O troço é recheado de frases genéricas ao falar de coisas como “vulnerabilidades relevantes”, sem esclarecer do que se trata. É uma piada. E é também crime eleitoral descarado.

Mas Bolsonaro e sua gang não estão nem aí para o respeito às leis. Não há dúvidas de que esse tipo de jogada será intensificado tresloucadamente à medida que o domingo vai se aproximando. Porque esse é o padrão Bolsonaro, como sempre escrevi neste espaço. 

Nada surpreende. Não há ideias ou projetos em debate quando o presidente abre sua bocarra suja. Ele sabe que vai perder no voto e, por isso, está desesperado. E um bandido em desespero se torna ainda mais perigoso.

Como disse o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, o Brasil tem na Presidência uma figura abjeta. “Abjeto” é sinônimo de execrável, vil, torpe, repulsivo, imundo. É duro, mas, ainda que muitas vezes a sensação seja de terra arrasada, há remédio na democracia para combater exemplares que se encaixam nesse modelo.