Quem acompanhou os noticiários locais e nacionais viu que a campanha do governador-tampão e candidato à reeleição Paulo Dantas (MDB) colidiu com o inesperado: denúncias feitas pelo ex-deputado estadual Luiz Dantas que envolvem o próprio filho (Paulo Dantas) em um suposto esquema de corrupção envolvendo a Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas.
Mais do que uma simples denúncia, há nela o agravante de ser um próprio pai – que conhece bem os bastidores da política – atacando o filho.
Além disso, para além de um suposto esquema envolvendo a Casa, há o fato de Luiz Dantas colocar Paulo Dantas como uma marionete (em outras palavras) do grupo político do qual faz parte, que envolve justamente a maioria dos deputados estaduais, o senador Renan Calheiros e o governador Renan Filho.
No vídeo Luiz Dantas não cita nomes, mas eu apostaria que o recado sobre as influências em relação ao filho tem nome e sobrenome: o deputado estadual Marcelo Victor (MDB).
Inicialmente, Paulo Dantas – talvez por acreditar que tudo se limitaria ao guia eleitoral de seu rival, o senador e candidato ao governo Rodrigo Cunha (União Brasil) – seguiu uma cartilha do marketing político, não só evitando o confronto com o pai, mas também tentando fazer crer que estaria tudo bem no seio familiar e que Cunha seria o desesperado tentando colocar o “pai contra o filho”. É o que se viu no guia de Dantas e, seguindo o script, no mais recente debate entre candidatos da TV Pajuçara.
Nada mais distante da verdade e o eleitor não é tolo!
Paulo Dantas investiu em um texto decorado que hesitava sobre a realidade enfrentada por ele. O candidato do MDB conseguiu até uma vitória na Justiça Eleitoral, mas não conseguiu impedir – como era seu desejo – que a informação circulasse.
Para piorar, no dia de ontem, o próprio Luiz Dantas (o pai) usou de suas redes sociais para confirmar que suas declarações são recentes e reafirmar as denúncias contra o filho. Ou seja: o guia eleitoral de Rodrigo Cunha se tornou apenas o “mensageiro”.
O assunto agora não mais pertencente a um embate entre candidatos, mas se torna uma denúncia grave de um pai contra um filho, que exige de Paulo Dantas as explicações que visivelmente ele não quer dar. Criou-se o “Inferno de Dantas” na reta final da campanha emedebista.
No entanto, são poucos dias até o 02 de outubro. Logo, é de se indagar: terá impacto e qual será o tamanho do impacto para o – conforme os institutos de pesquisas – líder das intenções de votos?
Que este cálculo incomoda os caciques emedebistas, eis algo visível. Afinal, a “tropa de choque” que fabricou a candidatura de Paulo Dantas trabalha arduamente, nos bastidores, para conter os danos.
O fato é que a “bala de prata” da eleição foi usada, e todos aqueles que buscam uma vaga no segundo turno não apenas agradecem como exploram. Enquanto isso, Paulo Dantas – preso no enredo definido pelo marketing do qual não consegue ir além – se mostra incapaz dar resposta...