Foi a bota imobilizadora gêmea que fez essa ativista relançar o olhar para moça. O diagnóstico médico é o mesmo: ruptura do tendão de Aquiles. O meu adquirido com o suposto atropelamento de uma porta do elevador, no pé direito. O dela foi uma virada de pé, que a derrubou  escada abaixo. Além da ruptura quebrou um ossinho do pé esquerdo e outra coisitas mais.

Falamos da dor absurda do momento e do choque. Eu gritava- disse a moça. 

Essa ativista, que normalmente é uma pessoa “forte” desabou. E sempre ressaltando o apoio e assistência recebido da vice-governadora, Jó Pereira, que ficou com essa ativista o tempo todo, da dor aflitiva.

Dias depois o médico explicou, cientificamente, o que aconteceu:- quando você sentiu o choque foi o ligamento estourando, se rompendo.

Tanto meu médico, quanto o da moça recomendou a bota, fisioterapia, como tratamento conservador. Tudo para fugir da cirurgia.

Conversamos sobre o estranhamento da situação com o uso da bota, da irritação que causa, do estresse constante.

Temos uma vida ativa e não dialogamos muito bem com a inércia.

Falamos, principalmente, da dificuldade de locomoção, dos caminhos esburacados, dos locais inacessíveis e voltamos o olhar para quem vive na condição permanente de deficiência.

Há inúmeros prédios, em Alagoas, sem acessibilidade. É um flagrante desrespeito e limitação de acesso a espaços e lugares. É condicionar caminhos, limitar oportunidades para um monte de gente.

Às vezes para ter empatia a gente precisa sentir na pele, ou no corpo, a dor da outra pessoa.

E quem sabe, fortalecer a luta.

Nos planos de governo das candidaturas majoritárias, dessa campanha política, quantos capítulos existem sobre a questão de acesso à pessoa deficiente?

Existe?