Durante este mês, a campanha Setembro Amarelo ressalta a importância do cuidado com a saúde mental e a prevenção ao suicídio. Em Maceió, o Centro de Promoção de Saúde, Educação e Amor à Vida (Cavida), uma Organização Não-Governamental (ONG), promove durante todo o ano atendimento psicológico para quem precisa e não possui condições de custear.

Ao Cada Minuto, a vice-presidente da instituição e psicóloga, Ana Kilvia Cavalcante, fala sobre o acesso aos serviços oferecidos, as ações programadas para a edição deste ano e orienta como identificar que uma pessoa precisa de ajuda.

Ana Kilvia. Foto: Cedido 

CM: Como funciona o atendimento do Cavida? Quem pode ser atendido?

AK: Nós realizamos atendimento psicológico gratuito, psicoterapia individual e em grupo. Temos um grupo terapêutico aos sábados, às 10h da manhã. Nós temos também uma nutricionista que realiza atendimento paras pessoas com problemas relacionados à alimentação e que tenham gerado comportamento suicida. Além de assistentes sociais, que fazem intervenções.

Para ser atendido pelos voluntários do Cavida, é necessário que sejam pessoas que não possam, primeiro de tudo, pagar pelo pela o tratamento particular ou que não tenham plano de saúde. Também que sejam pessoas em sofrimento psicológico ou que estejam no grupo de risco para o comportamento suicida. Mas também familiares dessas pessoas que realizaram suicídio ou que estão em processo de sofrimento psicológico.

CM: O Cavida possui quantos profissionais disponíveis para a realização dos atendimentos?

AK: Entre psicólogos, assistente social, nutricionista, também pessoas que acolhem, que geralmente são estudantes de psicologia e fazem fazem o primeiro contato com os pacientes, fica em torno de 28 profissionais.

CM: Atualmente, em média, quantas ligações são recebidas por mês pelo Cavida? Há um aumento durante a campanha de Setembro Amarelo?

AK: Recebemos, em média, 20 ligações por mês. Quanto ao setembro amarelo, esse número é intensificado porque há uma divulgação maior do trabalho do Cavida. Nesse período há muitas palestras que realizamos e entrevistas. Então acaba tendo uma procura maior, um conhecimento maior das pessoas.

CM: Quais ações serão realizadas pelo Cavida neste mês de setembro?

AK: Além das palestras que realizamos todos os anos, esse ano, em especial, estamos promovendo o primeiro Congresso Nacional de Suicidologia e, ao mesmo tempo, o III Simpósio Alagoano de Prevenção do Suicídio. Vai ser um evento muito importante para o Cavida em que a gente vai receber palestrantes muito ilustres no Brasil inteiro e de Alagoas, que são muito atuantes na prevenção. Inclusive, a gente gostaria de chamar as pessoas para quem se interessar e quiser participar do evento vai ser muito importante.

CM: Como identificar que uma pessoa precisa de ajuda? O que fazer diante disso?

AK: Quando uma pessoa está pensando em cometer suicídio, muitas vezes, deixa sinais. Ela começa enxergar a vida sem sentido, sem propósito e passa verbalizar isso de forma sutil, repetitiva ou até de forma bem clara. É importante ficar atento, perceber que o humor daquela pessoa está diferente. É preciso entender que a depressão,  picos de ansiedade e problemas psicológicos podem gerar o comportamento suicida. Além de ser necessário aceitar isso como doença, entender que o cérebro adoece como qualquer outro órgão, que precisa de cuidados e que há tratamento. É algo que as pessoas precisam cada vez mais ter consciência.

Para ajudar essa pessoa, primeiro de tudo, é não julgar. Tente não julgar essa pessoa, ter uma postura de ser companheiro, de estar do lado e dar um ombro amigo ao invés de tentar dar uma ordem.

Por exemplo, se alguém está na cama e não consegue sair de tanta tristeza e o impulso é tentar obrigar a pessoa a melhorar, não é assim que funciona. Como você obriga alguém a ficar bom de uma gripe, de um de um câncer, de uma doença qualquer? Então o que você pode fazer é buscar ajuda junto com aquela pessoa. E falar “olha a gente está junto. nós vamos buscar tratamento, você vai ficar bem”, pois isso faz uma diferença muito grande.

CM: Acredita que em Maceió há um suporte adequado do Poder Público relacionado à saúde mental?

AK: Acredito que temos avanços e melhoras. Este ano, por exemplo, o Senado aprovou a semana dedicada à saúde mental nas escolas de educação básica. Então, toda a escola agora tem de, uma vez por ano, selecionar uma semana para promover psicoeducação, conscientização das pessoas quanto a saúde mental. A prevenção do suicídio vai ser lembrado nesses dias. Eu achei um grande avanço. Dentre outras medidas, além da campanha do Setembro Amarelo, que está sendo cada vez mais reconhecida, em todo lugar, está levando a uma quebra de tabus de forma efetiva, levando conhecimento e ajuda para as pessoas que precisam.

O CAVIDA atende de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h na sede da Cruz Vermelha de Maceió, em frente ao Shopping Maceió. O telefone para contato é o (82) 98879-2710.