O debate ocorreu em um Portal local, das Alagoas dos Palmares, o estado que lembra que tem um herói preto, quando lhe é conveniente.

Um dos candidatos, homem branco, com gestos tresloucados e um autoritarismo gotejante, gritou ao outro participante; Morda seus beiços! Morda seus beiços! Morda seus beiços! Morda seus beiços! 

Morda seus beiços!   É um incitamento colonialista, cujo intuito é inferiorizar, subjugar   corpos negros.

Beiços, como sinônimo de lábios grossos é um dos fenótipos característico dessa população e algo inaceitável, e considerado como feio, para os padrões coloniais e eurocêntricos de beleza

Quem já não ouviu expressões, como “preto beiçudo”, “preto de beiços arrombados”, uma forma de ridicularizar, menosprezar, coisificar o corpo negro?

 São estereótipos raciais utilizados, largamente, como instrumentos de apartheid, criando um ciclo de exclusão e inferiorização, que afeta diretamente a auto-estima, como também, o sentimento do não-lugar, da ausência de pertencimento..

A expressão usada pelo homem branco ao seu adversário, auto declarado não-branco, desnuda, uma  tática de opressão ( quem é pret@ conhece bem), muitíssimo, utilizada nas relações de sociabilidades entre a suposta "superioridade" do homem branco e inferiorização d@ colonizad@.

É uma forma de apagamento social/político e o recado racial é direto: “você não faz parte desse lugar”, ou, “ aqui quem manda sou eu”, ou, “você é pret@, um ser inferior e está deslocado nesse espaço da Casa Grande”, ou simplesmente: “sabe com quem está falando”?

O candidato branco, sabe qual é seu “legitimado” lugar social de fala,  e por isso chama para si, o conhecimento/poder  hegemônico do mundo todinho e sobre isso o povo das Alagoas de Palmares, do decantada herói preto, faz  silêncio.

Um silêncio social, racialmente, seletivo.

Que o diga o Governo do Estado de Alagoas (viu, Paulo Dantas!) que virou às costas para as políticas de promoção para igualdade racial e ainda paga de “bacana”.

Que criou uma secretaria, alimentanda com dinheiro público e em quase 7 anos não estabeleceu nenhuma política pública afirmativa e antirracisra, mas, partidária...

Em Alagoas, o racismo é, de verdade, um camaleão poliglota.