A falta de provas anexadas ao documento e o não preenchimento dos requisitos para a denúncia formal foram alguns dos fatores apontados pelo vereador Vanildo Rufino, líder do governo na Câmara Municipal de Rio Largo, para votar contra o requerimento para abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) a fim de apurar as responsabilidades do prefeito afastado da cidade, Gilberto Gonçalves, o GG, no suposto esquema de corrupção milionário exposto na Operação Pecúnia, da Polícia Federal. 

A rejeição do requerimento, por 8 votos a 3, ocorreu na sessão de ontem (18) e foi noticiada aqui no blog. Nesta sexta-feira (19), o vereador afirmou, por telefone, que pedirá ao presidente da Câmara que solicite à PF o relatório das investigações. Segundo ele, caso uma nova denúncia chegue ao parlamento municipal, “com credibilidade, bem redigida e apresentando fatos concretos e provas robustas, é possível que a CEI seja aberta”. 

“A Câmara não vai prevaricar, vai trabalhar dentro da legalidade e, se comprovadas as denúncias, o prefeito pode ser punido até com a cassação do mandato”, prosseguiu Vanildo, argumentando ainda que, como a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal já trabalham no caso, a Casa Legislativa não deve se precipitar: “Tem vereador com pressa, quer fazer a coisa nas carreiras, mas precisamos trabalhar dentro da lei. A Câmara não está omissa e não vai prevaricar”, repetiu.

O vereador garantiu que o fato de ser líder do governo e do mesmo partido do prefeito, não quer dizer que ele irá compactuar com ilícitos, caso a investigação conclua que eles ocorreram. “A Polícia Federal e o Ministério Público estão aí para investigar e quem tiver seus erros, responda”, completou.

Ele reforçou que o requerimento votado ontem “não preenche os requisitos de uma denúncia formal, como prevê o decreto de 1967, que diz que a denúncia pode ser encaminhada à Câmara por qualquer eleitor, com exposição de fatos e indicação de provas. O grupo que protocolou o requerimento fala que tomou conhecimento do suposto crime imputado ao prefeito e a outros, pela mídia nacional, não indicando de forma clara qual é esse crime. Trata-se de uma denúncia de duas páginas, mal redigida, já fadada ao insucesso, e por isso não pode ser recebida por essa Casa. Qualquer mandado de segurança a anularia, ficando a Casa desmoralizada, como já ocorreu no passado”.

Surpresa e pronunciamento 

Questionado sobre como avalia a operação que culminou com o afastamento do prefeito do cargo, o vereador disse que foi uma surpresa para ele: “Fui vereador de 2012 a 2016 e de 2017 até 2020 acompanhei de fora, como eleitor e cidadão o trabalho do prefeito. Vi que foi brilhante, não tenho dúvida disso. E a população também vê dessa forma, afinal a gestão tem aprovação de 90%”.

Ele preferiu não opinar sobre a culpabilidade ou não de Gilberto Gonçalves no caso, lembrando que há vários casos no país e em Alagoas de pessoas acusadas, presas e depois inocentadas pela Justiça: “Não costumo fazer julgamento antecipado e sim esperar. O que saiu aí está sendo apurado, investigado. Esse julgamento eu só posso fazer ao final das investigações”.

Por fim, Vanildo disse acreditar que o prefeito ainda não se pronunciou à população de Rio Largo sobre o assunto talvez por orientação da defesa, mas que, se estivesse no lugar de GG, já teria se defendido, afinal, “quem não deve, não teme”.