Eu as conheci faz pouco.
Todas curtidas por água, sabão e o ferro de passar roupa. São mulheres soterradas pelos escombros da desesperança.
Todas pretas, iguaizinhas a essa ativista.
São mulheres subalternizadas, por mundos que se apequenam, diante dos olhos opacos de uma sociedade, que não as vê.
Suas mãos esfregam a sujeira do mundo todinho, mas, vivem assentadas em uma vida cinza, do nada ter.
Só os sonhos estendidos nos varais, ao vento.
São mulheres pretas, feito um hiato, no conceito do empoderamento feminista branco, enquanto, tantas lutam pela não-violência, ainda lutamos pelo prato de comida, dos vazios atemporais.
Uma quentinha que traz sorrisos escancarados de felicidade.
Uma cesta básica que leva a alma ao delírio.
Comida à mesa afinal!
Enquanto, não entendermos a profundidade e o caráter multifacetado do racismo, em toda sua estrutura, e a grande maioria das mulheres pretas, estiver, naturalmente, subalternizada na linha da pobreza, feito descarte social, esse tal de empoderamento é uma metáfora, sem rima.
Na pirâmide social alagoana,mulheres pretas, vivem uma abissal excludência em relação a outros grupos.
Quantas políticas públicas antirracistas foram implementadas nos últimos anos em Alagoas, relacionadas à mulher preta?
Você, que é mulher preta, sabe?
E isso não te incomoda?
Até quando vamos nos fazer invisíveis?