No dia do lançamento de ODO, Livro Preto de Poesia, que aconteceu no sábado, 30 de abril, no Mirante da Santa Amélia, em Maceió,Al, com o apoio depuatada Jó Pereira, essa ativista estava ansiosa para mostrar a um dos meninos, em especial, o nome dele, no índice de poetas de ODO, e reafirmar a capacidade que temos de reinventar e acolher caminhos.
Mas, não deu tempo, no dia do lançamento, o menino estava morto.
Em conversas, anteriores, dizia que não tinha futuro e que esse negócio de poesia não é para pessoas como ele, mas, ensaiou a feitura de uma com uma inquietação: Eu sou um bandido?
Ele era um interno da Unidade de Internação Masculina, administrado pela Secretaria de Estado de Prevenção à Violência-SEPREV, e, foi um dos 30 selecionados no Odo-Concurso Preto de Poesia para Jovens da Periferia:"Eu, jovem pret@, resisto e insisto”, idealizado pelo Instituto Raízes de Áfricas.
Esvalda Bittencourt, secretária da pasta, na época afirmou: "Como gestora, também me sinto premiada .A seleção de um dos nossos meninos traz a certeza que estamos trabalhando a pedagogia da inclusão, de propor caminhos e oportunidades",
Foi Ivonete, a mãe, que veio representar o filho, no recebimento do prêmio, em dinheiro, e de exemplares do livro, Odo-Livro Preto de Poesia.
Tímida, silenciosa, contida, e com uma serenidade necessária, apesar da orfandade do filho.
A deputada, Jó Pereira admirou-se da serenidade da mulher e expliquei que o racismo é tão insidioso que mulher preta, muitas vezes, precisa criar calo na alma, e se fazer equilíbrio, senão o mundo nos devora. Somos nós que perdemos, precocemente os filhos, aos montes.
Quase todos homens e pretos.
Ivonete ouviu a interpretação do poema do menino , na voz da deputada estadual, Jó Pereira que a acolheu com um longo abraço e um buquê de flores amarelas, em uma homenagem que se tornou póstuma. As flores foram depositadas na cova do menino e o dinheiro do prêmio para construir o túmulo.
O menino poeta, preto, periférico morreu bem jovem e toda sua vida, agora, cabe, perfeitamente, dentro de um livro de poemas.
É um escritor.
Tinha 18 anos.
Vidas pretas importam vivas!
E foi graças a deputada estadual, Jó Pereira, que o livro Odo-Concurso Preto de Poesia para Jovens da Periferia:"Eu, jovem pret@, resisto e insisto”, idealizado pelo Instituto Raízes de Áfricas, foi lançado, com o poema do adolescente, precocemente, morto e de tant@s adolescentes pret@s,periféricos que resistem e insistem pela vida..
Hoje é dia da escritora e do escritor.
Salve!