Meu nome Margarete Geraldo da Silva tenho 34 ,sou mulher preta, quilombola e existir para mim é um ato de bravura.

Bravura, porque nascer em um quilombo, sem estrutura, sem água, ignorado pelo estado  é como viver permanentemente , rompendo barreiras, atravessando os arames farpados da fome, do desemprego e a falta de valorização da nossa cultura, da arte quilombola.

No meu quilombo a gente planta e colhe, mas a falta d’água e o descaso com as necessidades primárias do território quilombola cria uma espécie de sobrevivência exausta.

Eu, sou uma mulher preta quilombola em um mundo onde os homens querem sempre estar à frente do comando.

Confesso que não foi fácil , quando resolvi  assumir o desafio de  dirigir o Quilombo, deu muito o que falar para as pessoas, principalmente, para os homens.

Sou presidenta da Associação do Quilombo Chá do Saco Sítio Novo, que fica  localizado, em municipal de Taquarana AL, e faço o possível  para organizar o povo, em torno da nossa história ancestral, principalmente, as mulheres, e a partir dessa organização lutar por dignidade de direitos.

Também faço parte do Forum Estadual de MulheresQuilombolas Enferª Elisete dos Santos.

O direito de ir e vir, romper o preconceito que não e fácil, porque, quando você é mulher, preta e quilombola as coisas se tornam bem mais difíceis.

Quantas vezes passei pela situação de chegar, em um órgão público para pedir ajuda e levei porta na cara. Foram muitas vezes, mas, não desisti e continuo firme e forte, como uma mulher guerreira que sou. 

Tenho muito orgulho de mim, porque que sei o que estou fazendo. Trago comigo uma coragem, bem grande pois tem uma geração nova que precisa de exemplos de luta. Tem meus 4 filhos (minhas duas meninas, gêmeas, de 15 anos, uma que ser polícia a outra  veterinária), e os jovens da comunidade.

 Que os jovens quilombolas tenham o direito de ter uma vida no quilombo, sem precisar sair pelo mundo de meu Deus, atrás de emprego. 

E tenho o marido, de nome José Rosinaldo da Costa Santos, 38 anos, que me incentiva a ser protagonista da minha própria história..

Mas, vale dizer que ao conhecer, bem de pertinho, grandes e valentes mulheres de lutas foi o incentivo para começar esse caminho de descobertas.

Meu nome é Margarete Geraldo da Silva, 34  anos. Sou mulher preta, quilombola e a liderança  do meu quilombo. Existir para mim é um ato de bravura

25 de julho- Dia Nacional da Mulher Negra e de Teresa de Benguela, a quilombola.

 

 25 de julho- Dia Nacional da Mulher Negra e de Teresa de Benguela, a quilombola.