Genivaldo Jesus dos Santos tinha 38 anos.

Um homem preto, desses que é sempre o elemento suspeito, mesmo que todas as provas gritem ao contrário.

Foi abordado pela Polícia Rodoviária Federal, que desdenhou do corpo preto dirigindo uma moto.

Corpos brutalizados pelas repressões diárias, sistemáticas, violentas, cotidianas e socialmente naturalizadas.

Os corpos descartáveis no “caldeirão das raças”, na seletividade da geografia formadora do povo brasileiro.  

Genivaldo Jesus dos Santos, um homem preto, com transtornos psiquiátricos, morreu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.

Wallyson de Jesus, sobrinho de Genivaldo conta:“Eu estava próximo e vi tudo. Informei aos agentes que o meu tio tinha transtorno mental. Eles pediram para que ele levantasse as mãos e encontraram no bolso dele cartelas de medicamentos. Meu tio ficou nervoso e perguntou o que tinha feito. Eu pedi que ele se acalmasse e que me ouvisse. Os policias usaram gás de pimenta e colocaram meu tio no porta-malas jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais o levaram para o hospital, mas já era tarde”.

Não foi em Auschwitz. 

E sim, em  Umbaúba, município de Sergipe, no  nordeste do Brasil. 

 É a virulência do  racismo estrutural que mata corpos pretos todo dia.

 O dia todo. 

E toda hora sai na tv e, agora, um coletivo hiperbólico  investido de um crônico e atemporal  silêncio  social busca, convenientemente,  transvergir, desviando  o rumo do assunto. 

É para falar do racismo estrutural internalizado nas gentes do solo pátrio,  que, com uma ferocidade intensa mata crianças pretas, com tiro de 12, que sufoca pretos com mata leão, pelos  supermercados do país,  que instala o terror policial  nas favelas,/periferias, que desfere as balas perdidas que só encontram  os corpos pretos e matam, matam, matam .. .

É sobre a operação policial que deixou mais de 20 mortos, na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro.

Vidas pretas importam, para quem?

É sobre Cláudia Silva Ferreira que teve o corpo arrastado por 350 metros, por um carro da Policia Militar, em 2014.

É sobre racismo estrutural.

Você está preparad@ para falar sobre isso?

Quant@s mais tem que morrer?

Enquanto houver racismo, não haverá democracia.