Essa ativista encontrou Irene no meio do campo ilhado de ocasos, despovoado de dignidade. As moradias nas extremidades borram a paisagem, com uma pobreza visceral. Barracos erguidos em madeira, papelão, lona e diversos outros materiais reciclados.
Olhando mais para longe encontramos as mansões, de ricos, que riem com dentes escancarados.
Faz 16 anos, o povo vive um imbróglio jurídico para tomar posse em definitivo do terreno doado pelo governo do Estado para construção de um habitacional.
É um povo-habitante legitimo guardião do pedaço de chão, sem papel passado.
Estamos na Vila Emater, antigo lixão da capital. Bem pertinho do mar de Jacarecica, em Maceió.
E Irene conta: “A gente corre um bocado para buscar melhorias para o povo, mas, não é fácil, não. Para gente daqui falta tudo: moradia, saúde, trabalho, estudos. Vivemos pela graça de Deus.’
Encontrei Irene para recompor histórias, a partir da memória que ela traz de seu menino sumido, sem rastros, nem paradeiro. Faz 7 anos.
O nome dele é Elias Natanael dos Santos, desaparecido no dia 14 de janeiro de 2014.
Tatuei o nome do meu filho no braço, porque no meu coração ele continua vivo- orgulhosa mostra a tatuagem.
Irene ainda busca seu menino.
Dia 25 de maio é Dia Internacional da Criança Desaparecida e, com o apoio do Comitê Gestor Estadual de Pessoas Desaparecidas, Fundação Municipal de Cultural, SEMAS , Assessoria Especial de Políticas Sociais da prefeitura de Maceió, FMAC e mandato da deputada estadual, Jó Pereira, o Instituto Raízes de Áfricas realiza o “Ato Vozes do Silêncio-Onde estão nossas crianças?
Cadê o Elias?
Cadê Maria Clara?
Onde estão nossas crianças?