Quem diria! O Partido Socialista Brasileiro na defesa da violência policial contra o Poder Legislativo. Tudo bem que partido nenhum no Brasil tem lá aquela identidade toda – quase todos, aliás, não têm identidade nenhuma. Mas a iniciativa do PSB alagoano carimba uma mudança mais profunda na sigla historicamente associada à esquerda e, mais que isso, aos princípios democráticos. Ao menos por aqui, isso é coisa do passado. Uma inflexão. Nos últimos anos, o PSB de Alagoas caiu de amores pelo Jurassic Park do bolsonarismo.
O diagnóstico acima explica uma bizarrice autoritária do partido, formalmente solicitada à Justiça nesta quinta-feira, 28. A sigla pede que a Polícia Militar ocupe o plenário da Assembleia Legislativa e impeça a sessão marcada para segunda-feira, dia 2 de maio. Por coincidência, quem manda no PSB-AL é o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas.
Toda essa presepada tem como objeto a eleição indireta para governador. A turma do prefeito joga na confusão para adiar a escolha do governador-tampão do estado. E faz isso porque já existe um virtual eleito na disputa – que vem a ser o deputado Paulo Dantas, apoiado pelos Calheiros. Briga eleitoral, no fim das contas. Ou eleitoreira.
Candidato da “oposição”, Davi Maia, deputado bolsonarista do União Brasil, passou pano para a intenção do PSB. Sempre em tom beirando o melodrama, diz esse exemplar da nova política que há até o risco de intervenção federal em nosso território. Sim, pode. Na verdade, tudo pode acontecer, até mesmo coisa nenhuma.
Maia está preocupado com a obediência a uma decisão de primeira instância que suspende a sessão marcada para segunda-feira na ALE. A Casa já recorreu. Sobre o parlamento ser ocupado pela PM para barrar a sessão na marra, Davi Maia nada falou ao blog do grande Lula Vilar. Trágico. Previsivelmente trágico.
Vamos escrever claramente: a iniciativa do PSB é uma vergonha para os signatários e apoiadores. Defender que a força policial seja usada para impedir o funcionamento do Poder Legislativo é típico dos saudosistas da ditadura. São golpistas em potencial. Delirantes. Por aí a gente constata que maquiagem e falas ensaiadas não garantem renovação e, menos ainda, “modernidade”.
Podemos detonar a Assembleia com as críticas mais arrasadoras da paróquia. Fechá-la, nunca e jamais. Acho que não preciso explicar ao deputado, ao prefeito e ao PSB por quê. Fechar o parlamento é uma das ideias fixas da turma que prega “intervenção militar com Bolsonaro presidente”. Nesse mundo, tudo está conectado.
* * *
NOTA – No fim da tarde desta sexta, o desembargador José Malta Marques, vice-presidente do TJ, derrubou a liminar que parava a eleição indireta na ALE. Sessão mantida. A conferir como os guerrilheiros do PSB e aliados alagoanos, como o UB, vão contra-atacar.