O menino poeta está morto.
Lembro dele cheio de indiferenças aos contatos, a proximidade. Trazia uma timidez abissal. Estávamos ensaiando a caligrafia de afetos, em uma Oficina de Poesia, Em agosto de 2019. Foi um momento que a palavra assentou pouso entre meninos ásperos de sonhos.
Ele, particularmente, me chamou a atenção. Um preto grandão, calado e com dramas de abandono e negligência abissais.
Ninguém aqui é santinho- ouvia o eco das vozes institucionais, armada até os dentes.
Não, ninguém é santinho, mas, porque meninos pretos são alvos preferenciais da policia, da bala perdida?
O menino está morto. E não verá seu nome escrito, como poeta premiado, em Odo-Livro Preto de Poesia.
Que toda nossa ancestralidade faça festejos em sua chegada.
Descansa, menino!