A mulher me convida para entrar no casebre, mas, pede para não tirar  fotos, porque, segundo ela, é tudo muito feio. Respeito sua vontade e o constrangimento visível.

O espaço é de uma pobreza sufocante, mas, contrastando com o oco do nada, a limpeza do lugar salta aos olhos. Faço elogio aos cuidados do ambiente, ela ri, com um riso até as orelhas. O constrangimento deu lugar ao orgulho.

É uma mulher pobre e para não fugir ao padrão da pobreza, preta e periférica, e com uma penca de filhos. Dessas gentes que me deparo na caminhada diária. Gente preta igualzinho a essa ativista.

Contou sua história e nos convidou a visitar o lugar de morada para mostrar a situação e provar que estava falando a verdade.

Essa ativista convidou um parceiro para acompanhá-la a casa. Fomos. E presenciamos, uma Alagoas fora das propagandas da tv e com o IDH arrastando no chão.

O parceiro resolveu a fome do momento, mas, existe outras fomes seculares, que devem ser trabalhadas como políticas públicas de estado: habitação, saúde, escola, creche para as crianças e trabalho como a real possibilidade de vida digna, ou, para além das sistemáticas entrega de cestas básicas.

Até quando a gente vai ficar impassível assistindo as brigas nas redes sociais (rinhas de competição?) entre gestores, (todos homens) cada um afirmando ser melhor do que o outro, que fez isso, ou aquilo , enquanto existe, no subsolo do estado/municípios um povo morrendo de inanição?

Até quando?

Senhores gestores podem parar com essa lengalenga ,porque está feio.