Manhã mormacenta de sábado , pelos caminhos da orla, a preta bonita, pele clara, pedala sua bicicleta no passeio público. Alheia ao movimento do mundo, essa ativista não percebe o sorriso que a preta lança, como gesto de afetiva cumplicidade
Reconhecimento.
Pertencimento.
Quando prestei atenção, o sorriso da moça já desmaiava pelos cantos dos lábios, e buscando resgatar o momento da comunhão, lancei um olá efusivo, e ela recuperando o sorriso sorriu de volta.
Somos duas mulheres pretas engajadas, no sentimento da auto-estima, mesmo estando distante, ou sendo desconhecidos, de uma forma transcendental, sabemos quem somos, e acariciamos com sorrisos, ou mesmo um cumprimento de cabeça, a força que nos une.
Duas mulheres pretas que ao se olharem, se reconhecem e compartilham uma identificação cúmplice.
Duas mulheres pretas.
Isso é muito bom!