É, manhã nublosa de sábado e ela, uma mulher preta, jovem ainda, que nos recepciona à porta de casa, com um enorme sorriso, na boca destemperada dos dentes da frente.
Simpática, solicita traz na pele preta, a cor cinzenta do abandono, assim, como o terreno, em que estava construído o casebre.
A pobreza, de esgotos correndo a céu aberto, pinta um quadro insalubre de desconforto. Enquanto o estado estatístico anuncia seus números recordes de avanços disso e daquilo tem gente pobre, muito pobre, a maioria preta, agradecendo a Deus, porque sua miséria é menos miserável do que o vizinho.
Além das graças de Deus toda pessoa, como cidadão/cidadã merece ter ao alcance das mãos , dos direitos básicos de viver bem e com dignidade: moradia, saneamento, saúde, trabalho, educação. Assim tudo junto.
Tem gente pobre, a maioria preta habitando lugares insalubres, nas terras de Palmares e o povo romantiza que a preta é feliz mesmo assim, e capaz de receber uma rosa pelo8 de março.
Tem gente preta, pobre sem os direitos básicos e, nós, o resto da população, seguimos ignorando essa realidade dantesca, porque isso não nos diz respeito.
Não é mesmo?
Em uma visita de campo ao município de Coruripe, Alagoas.