Quitéria é uma mulher preta, tem 62 anos e 10 anos que faz morada nas ruas, da capital turística, Maceió.
Conheço Quitéria há 5 anos e nas caminhadas diárias , rotineiras sempre, dou uma paradinha, para prosear.
A preta é falante, tem uma percepção muito boa dos entornos do mundo em que vive, apesar, do álcool, que consome.
-É pra esquecer, um pouquinho, a solidão e o sofrimento-assente.
Em dezembro do ano passado, Quitéria nos segredou que o aniversário dela é no dia de Natal.
Ao comentar com Zé Maria, outro caminhante, o cabra propôs organizarmos uma surpresinha e assim ficamos acordados, mas, o homem sumiu.
Daí, essa ativista, junto com Augustinho (o fiel escudeiro), levou um bolo, bolas de assopro e um afeto solidário pra cantar os parabéns pra Quiteria, no, pouso da moradia, entorno da Lagoa da Anta.
De presente, para aplacar a solidão das ruas, demos a ela uma boneca preta , que recebeu o nome de Emília.
Hoje, na manhã de segunda-feira carnavalesca, Quitéria , com um colar de havaina no pescoço e a tristeza beirando os olhos, nos disse:- roubaram a Emília de mim.
Poxa, Quitéria!
Onde andará, Emília?
Em um cenário com baixíssima participação