Na terça-feira, 15 de fevereiro, a Assembleia Legislativa, em Alagoas retornou às atividades letivas e como é de praxe, o Chefe Executivo do Estado faz a abertura oficial.
Como ativista atenta aos fatos políticos assisti , pela rede social, Vossa Excelência, numa irretocável e eloquente presença de palco, fazendo um discurso muito bom, assertivo, reflexivo, propositivo, provocativo, instigador, estratégico, mensageiro e etc e tal.
Em síntese foi uma boa peça de oratória, mas, essa ativista pede licença para fazer um aparte em alguns pontos.
Ao afirmar que é urgente voltar atenção para o Continente Africano (nomeado, simplesmente, por África) na questão vacinal, apontando que a desigualdade subtrai o direito de imunização, justa e igualitária, em relação aos países mais ricos, essa ativista aplaudiu. Colocação brilhante!
Entretanto, porém, contudo, todavia, se faz urgente o registro do compromisso estatal com o processo histórico-social das africanidades, instauradas no território alagoano, tendo, como base o decantado Quilombo dos Palmares, lá na Serra da Barriga.
Há um incomensurável vazio de produção e aplicabilidade institucional de políticas públicas antirracistas. Há instaurado um processo de desfiguramento, apagamento, em um estado marcado pela crescente desigualdade racial.
O projeto do Fundo Estadual para Promoção de Políticas para Igualdade Racial, 2016, que tem como propósito garantir a aplicabilidade de políticas públicas antirracistas foi jogado de um canto para outro,sofreu apartheid e depois suprimido. .
A cor da pobreza em Alagoas é preta, Excelência, e, ao não ter investido em políticas antirracistas, o governo estabeleceu um flagrante, latente, escancarado negacionismo da importância da história afro-alagoana e, da população preta, nas Alagoas de Palmares.
Outro ponto crucial é a questão da notícia noticiada sobre a redução da violência, em território alagoano.
Nos dados do relatório sobre os Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI) registrado no mês de janeiro, e divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, apontam que 53,3% das vítimas são jovens, entre 18 e 29 anos., 89,5% dos casos de mortes são de homens, e 64,3 % é de pret@s.
64,3 % é um percentual MUITO, MUITO alto, Excelência.
É muito pret@ morrendo, a toque de caixa, em um estado que festeja, diariamente a redução da violência.
E ainda tem a miserabilidade dos quilombos alagoanos, os mais pobres entre os pobres do Brasil.
Tem alguma coisa muita errada nessa certeza, Excelência, ou Vidas Pretas não Importam, nadinha, nas terras do Quilombo dos Palmares?
É importante que o mundo todo devolva ao Continente Africano as riquezas que foram dilapidadas e que Alagoas, assuma o orgulho da sua negritude, além, Palmares.
Pret@s e pard@s representam atualmente, 71% da população alagoana.
Lembrando, Excelência que a estrada, da Serra da Barriga, inaugurada em 14 de novembro de 2019, é a única no estado todinho, que, AINDA, não tem nome. Alguns dirão que parece descaso institucional, mas, refutarei afirmando ter sido uma complexidade burocrática.
Obrigada por ter me permitido o aparte, Excelência ,reafirmando que, no todo, o discurso foi bom.
Salve, Alagoas!