14 horas. Faz 34% graus na capital turística Maceió, o sol brilha, gigante (assim, como a cadeira) pela janela, aberta. Quem sabe entra um pouquinho de ar. Trazer fôlego para o respirar.
Faltou energia elétrica, faz cerca de uma hora, e o suor borbulha no corpo da preta. Faz calor, muito calor. Irritadiço. Me mandam mensagem para eu ir à rua, mas, não estou disposta a ver gente. Gosto de ficar em casa. A casa é meu santuário, um resguardo d’alma. Como é sábado fico apreensiva se a companhia da luz ,ainda, virá hoje. E desando a pensar que não será fácil dormir com tanto calor.
O pensamento viaja pelas ondas de calor, até chegar em recônditos do valente sertão alagoano e nos quilombos açodados por um sol inclemente, e sem água nas torneiras.
Salve, Lagoa do Algodão, no município de Carneiros, em Alagoas.
Está quente nas bandas da capital, mas, posso ligar o chuveiro e apaziguar essa quentura da “muléstia”. (risos).
Mas, e no sertão do- Deus-dará, que o povo tem o povo fica ajeitando as cadeiras nas esquinas da calçada para encontrar um vento bom, desses que sopre, bem forte, feito vendaval ensacado em brisa para secar/acariciar rostos molhados de exaustão.
Viver no sertão, apesar da decantada fortaleza, é exercitar a exaustão de lutas..
Na visão do mercado, o verão é um para os turistas que visitam Alagoas, apanágio (dim-dim e mais dim-dim) ,entretanto, para morador@s dos sertões áridos, com a secura das água, nas torneiras, ( eita, e as bençãos do São Francisco!) é um verdadeiro inferno.
E para arredondar a história todinha, ou não, três horas depois de litros de suor e mais suor, a Equatorial apareceu (plim,plim!) e consertou o defeito da rede elétrica.
Ufa!
Mas, a história não acaba por aqui, e o que fazer com a falta de investimentos /politicas públicas no sertão/quilombos onde o calor é de derreter o juízo?
Episódios esporádicos, da falta de energia, na capital, Maceió remete essa ativista à discussão sobre a desigualdade social/racial, que é permanente.
Labaredas de descaso, institucional!
Faz escuro, mas, eu canto (Thiago de Mello)
The end?