Jucy é como chamam a quilombola, Josineide Salustiano Soares, uma mulher poderosa, de 54 anos, que já viveu inúmeras situações de aperto, no cotidiano do Quilombo Chá do Saco, em Sítio Novo, no município de Taquarana, em Alagoas..
Faz tempo que a casa de taipa, onde mora, está numa esticada corda bamba, tipo cai não cai. O cupim já comeu toda madeirinha. Quando chove há tantas goteiras, que o melhor mesmo é ir para a rua, tomar banho de chuva-conta.
A quilombola é uma nordestina valente, honesta, dessas que vale moedas de ouro no coração de muita gente. Uma mulher que faz o enfretamento constante da pobreza.
E a filharada de Jucy dormiu, por muito tempo, no chão de terra batida. Até que um dia, ganhou uma cama e um colchão de capim. Vocês já dormiram em um colchão de capim?
Os meninos da quilombola encontraram no colchão duro e desconfortável o paraíso, em sonhos. Judy deu a cama para os filhos e continuou a dormir no chão.
O tempo passou, a pobreza alargou a goela , e depois dos filhos chegaram os netos, e, a casa de Jucy continua no declive da miséria.
Margarete Geraldo, a liderança do Quilombo, afirma: “Meu medo é que caia por cima dos moradores”. Os morador@s, agora são Jucy e o marido, um senhor doente.
A mulher quilombola cinquentenária, peleja, faz tempo na arte de dialogar com o sofrimento. Tenaz traz n’alma a motivação do voo, dos passos que levam para além do horizonte que os olhos veem,. Cultiva a esperança, a resiliência do povo quilombola, e crê.
Foi em nome dessa crença que, embaixo de um solão de quase 40 graus, Jucy presenteou essa ativista, com um galhinho de arruda, colhido no quilombo, como amuleto de proteção.
Obrigada,minha querida!
E que o amuleto proteja a todos nós, inclusive a Jucy para que a casa não desabe sob sua cabeça. A da nora desabou em 2021,
Saúde, moradia, educação, emprego e renda não são direitos dos quilombos alagoanos?
Salve, Jucy!